Celular x Saúde

27 de junho de 2011

Você já imaginou sair de casa sem levar o telefone celular? Para muita gente, está cada vez mais difícil desapegar do aparelho. No entanto, o uso frequente do celular levanta questões sobre os possíveis problemas que os sinais emitidos por ele podem causar à saúde do nosso organismo. Na última semana, a Organização Mundial da Saúde levantou a polêmica novamente ao classificar o celular como “possivelmente cancerígeno”, mesma atribuição dada ao chumbo e ao clorofórmio.

Uma equipe de 31 cientistas de 14 países, incluindo Estados Unidos, tomou a decisão depois de analisar estudos revisados por especialistas sobre a segurança de telefones celulares. Essas pesquisas mostraram que pessoas que usam celular durante mais de 30 minutos pode dia por mais de dez anos têm risco maior de câncer no cérebro. Os cientistas dizem que essas provas são suficientes para classificar a exposição como “possivelmente cancerígena para os seres humanos”. Muitas instituições da ONU já aconselham seus funcionários a usar telefones celulares com menos frequência.

Além do câncer, os cientistas estão preocupados com outros riscos que esse aparelho pode trazer. Um estudo recém-divulgado pela Universidade de Viena afirma que as pessoas que usam o celular 10 minutos por dia, e que fazem isso há pelo menos quatro anos, têm 70% mais chances de desenvolver zumbido crônico no ouvido. E os problemas não param por aí: até a fertilidade masculina pode ser afetada pelas ondas emitidas pelo celular.

Segundo um estudo do Centro de Pesquisa Reprodutiva dos Estados Unidos, em Cleveland, o celular estaria relacionado com a infertilidade masculina por aumentar a temperatura dos testículos. E o problema ocorreria justamente porque a maiorias dos homens guarda o aparelho no bolso da calça, próximo aos testículos. Os pesquisadores descobriram que os homens que usavam o celular mais de quatro horas por dia tinham sua produção de espermatozoides diminuída em 50%.

Mas como essa tecnologia começou a ser utilizada em grande escala há menos de 20 anos, ainda faltam mais estudos que cheguem a resultados claros sobre os efeitos que o celular pode causar no corpo humano em longo prazo. Mas já dá para ter uma boa ideia que é preciso usá-los de forma consciente.

Como o celular interfere no nosso organismo?
Os aparelhos móveis emitem um sinal conhecido como ondas de rádio ou ondas eletromagnéticas. É o mesmo princípio dos aparelhos de rádio. Essas ondas invisíveis penetram em nosso corpo, podendo causar mudanças sutis no funcionamento das células.

A maior preocupação até agora tem sido o possível aumento de temperatura do organismo causado pela exposição a essas ondas. Na frequência certa, elas causam uma agitação nas moléculas de água, aumentando a temperatura interna de qualquer organismo celular que tenha água em sua composição. É essa a lógica de funcionamento dos aparelhos de micro-ondas para esquentar alimentos rapidamente.


Risco de tumores

Além do aumento de temperatura no interior do corpo, há dúvidas sobre a influência que as ondas eletromagnéticas provocam no desenvolvimento de tumores, já que essas ondas poderiam ser radioativas e mudar o funcionamento das células. “Não há nenhum estudo em grande escala que comprove que o uso de celulares deixe as pessoas mais propensas a desenvolver qualquer tipo de tumor”, esclarece Mário Sérgio Lei Munhoz, chefe do departamento de otoneurologia na Universidade Federal de São Paulo, que estuda os efeitos do celular no aparelho auditivo e no cérebro humano. “Nos Estados Unidos estão sendo feitas pesquisas mais completas sobre o assunto, mas elas só serão concluídas daqui a no mínimo três anos. Até aqui, o máximo que observamos foram casos isolados, que não apresentam características que consigam provar qualquer tipo influência especifica dos celulares”. Mesmo com esses estudos ainda incompletos, a OMS optou por classificar o celular como um possível causador de tumores.

Além disso, a influência que nós sofremos desses tipos de sinais não fica restrita ao uso de celulares. As antenas de emissoras de rádio e das próprias companhias de telefonia nos bombardeiam constantemente com esses tipos de ondas. Por isso a influência dos celulares é difícil de ser detectada. “Uma pessoa que frequenta todo dia a Avenida Paulista, por exemplo, está muito mais exposta a esse tipo de onda do que uma pessoa que usa celular diariamente”, explica Munhoz.

Influência no marca-passo
Outra dúvida comum sobre o celular é se suas ondas eletromagnéticas podem prejudicar o funcionamento do marca-passo, um pequeno aparelho que controla as batidas do coração por meio de estímulos elétricos em certo intervalo de tempo.

Segundo o cardiologista Paulo de Tarso Jorge Medeiros, do hospital Beneficência Portuguesa, e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o uso de aparelhos que emitem esse tipo de onda por pessoas que usam marca-passo não é proibido. “Antigamente havia uma preocupação maior com as ondas eletromagnéticas dos celulares. Hoje em dia, os avanços nas tecnologias dos dois aparelhos impedem que o celular cause um dano irreversível ou fatal ao paciente. Vários celulares inclusive possuem um selo avisando que as ondas que ele emite não afetam o marca-passo.”

No entanto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia faz algumas recomendações para as pessoas que usam o aparelho cardíaco. “Há apenas duas recomendações para esse tipo de paciente: que elas não coloquem o celular no bolso da camisa e que sempre segurem o celular com o braço oposto que se encontra o marca-passo, para diminuir o contato entre os dois aparelhos”, diz Medeiros.

Os pacientes que usam marca-passo devem evitar ficar próximos de ímãs muito potentes, que podem mudar o funcionamento do aparelho cardíaco. Além disso, máquinas de ressonância magnética, que interferem no marca-passo e podendo até tirá-lo do lugar em que foi colocado, causando problemas sérios para o coração do paciente.

Bactérias no celular

Assim como no teclado de computadores e telefones, os botões dos celulares também acumulam muitas impurezas. Uma pesquisa no Brasil feita em 2007 pelo biomédico Roberto Figueiredo, que ficou conhecido como Dr. Bactéria quando tinha um quadro no programa Fantástico, provou que há mais bactérias nos celulares do que em solas de sapatos.

Figueiredo coletou amostras dos botões dos telefones e as comparou com amostras tiradas da parte de baixo dos sapatos. Depois de uma análise feita em laboratório, ficou provado que a quantidade de organismos que podem causar doenças é maior nos aparelhos eletrônicos do que nos calçados.

Outra pesquisa feita na Irlanda pela Craigavon Area Hospital Group Trust mostrou que 96% dos 200 celulares analisados tinham a presença de bactérias e outros organismos causadores de doenças como a gripe e a pneumonia. Devido à proximidade do celular com a boca, olhos, nariz e ouvidos, o problema se torna ainda mais grave.

Como usar de modo saudável

Se você está preocupado com o uso do celular, e que evitar possíveis problemas, aqui estão cinco dicas simples para diminuir as influências que ele pode causar, publicadas pela International EMF Collaborative, um grupo de estudiosos dos Estados Unidos e do Reino Unido que estuda os efeitos do celular em nosso organismo.

1-Mande mais mensagens: Procure falar menos. Não é preciso colocar o celular no ouvido para deixar um recado ou para falar poucas palavras. Quando precisar fazer isso, mande uma mensagem de texto. Digitando um texto você afasta o aparelho de perto de sua cabeça, e diminui o contato do seu cérebro com as ondas eletromagnéticas.

2- Use o viva-voz: Se o seu celular tiver essa opção, coloque ele no viva-voz durante a ligação. Quanto maior a distância entre a orelha e o celular, menor a chance dos ouvidos serem prejudicados pelo volume do fone.

3- Mude o ouvido: Se a ligação está durando muito, mude o lado que está em contato com o celular de 30 em 30 segundos. Esse intervalo é suficiente para que não haja o aquecimento e diminui as chances de ter problemas auditivos.

4- Limpe-o com álcool gel: Para desinfetar o teclado do celular, basta passar um pano com um pouco de álcool gel, aquele que ficou famoso durante o surto da gripe suína. Esse desinfetante evapora rapidamente, e se usado sem exageros, não danifica o funcionamento de aparelhos eletrônicos.

5- Fale menos ao celular: Se possível, não faça conversas longas nesse aparelho. Se alguém ligar, peça para entrar em contato com o telefone fixo ou avise que ligará mais tarde. Não custa tentar.

Fonte: Minha Vida

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