Famílias desconhecem a importância da audição

3 de abril de 2012
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Um estudo realizado por Kátia de Freitas Alvarenga, fonoaudióloga da equipe de implante coclear do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo e colegas revelou que menos da metade das famílias cujos recém-nascidos foram encaminhados para a realização da avaliação audiológica na unidade básica de saúde (UBS) comparecem de fato às instituições. A pesquisa em questão foi publicada este ano na Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 16(1):49-53.

Kátia e colegas contam no artigo que realizaram uma análise comparativa das informações sobre o comparecimento nos atendimentos de dois programas de saúde auditiva infantil.

Um dele s era vinculado a um hospital público e o outro era conduzido junto à estratégia saúde da família (ESF). O estudo foi realizado no município de Bauru, em São Paulo. A amostra incluiu 362 crianças, nascidas entre fevereiro e março de 2007, em uma maternidade pública e que foram encaminhadas para o programa junto à ESF.

Dessas 362 crianças, apenas 147 (40,61%) compareceram ao atendimento. “Dos casos com resultado de triagem auditiva sugestivo de ausência de alteração auditiva, somente 39,80% aderiram ao programa realizado junto à ESF. Dos casos que não completaram alguma etapa do processo de identificação na maternidade, 32 (55,18%) famílias não aderiram a nenhum dos programas de saúde auditiva existentes, ficando sem esclarecimento sobre a audição do filho”, dizem os pesquisadores no artigo.

Famílias desconhecem a importância da audição

Segundo os autores, menos da metade das famílias convidadas a levar os filhos para avaliação audiológica compareceu nas UBS, “independentemente de se a criança havia sido submetida ao processo de identificação da deficiência auditiva na maternidade pública da cidade”, ressaltam. O PRO-ORL buscou um representante do Ministério da Saúde para discutir os resultados acima, porém não obteve sucesso.

A assessoria de imprensa, entretanto, forneceu alguns dados sobre os projetos de saúde auditiva do Ministério da Saúde.

Segundo a assessoria, desde 2010 (Lei 12.303) o Ministério da Saúde realiza reuniões com o objetivo de traçar as diretrizes para os ajustes dos atendimentos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto à triagem auditiva neonatal.

Embora estatísticas apontem uma tendência de aumento da cobertura da triagem auditiva neonatal – 184.471 neonatos em 2008; 267.6 92 em 2009; 379.405 em 2010 e 117.402 até junho de 2011 – o Ministério da Saúde reconhece que alguns fatores dificultam os programas de saúde auditiva da rede pública, por exemplo, o “desconhecimento da família sobre a importância da audição no desenvolvimento de fala e linguagem; diagnóstico e intervenção precoce; dificuldade de locomoção ou deslocamento da família para a realização dos exames”, diz relatório da assessoria de imprensa.
Para tentar melhorar a abordagem, a assessoria informa que o Ministério traçou como meta definir normas nacionais, além de “controlar o cadastro nacional de prestadores de serviço, definir a incorporação dos procedimentos a serem ofertados à população pelo SUS e o elenco de procedimentos de Alta Complexidade, estabelecendo estratégias que possibilitem o acesso mais equânime diminuindo as diferenças regionais”.

Fonte: Agência Notisa

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