Dormir bem é um comportamento que você pode ensinar a seu filho recém-nascido

16 de outubro de 2012
bebe

Logo que nasce, o bebê tem um ritmo de sono que funciona de acordo com suas necessidades, mas que, na maioria dos casos, passa longe do considerado ideal para os adultos. O recém-nascido fica lá repousando por algumas horas, dá sinal de que quer mamar, ou de que precisa de algum cuidado ou carinho, e dorme outra vez.

As horas de vigília podem vir –e normalmente vêm– bem quando os olhos dos adultos estão pesados de sono. “O ciclo de sono do bebê é regulado, principalmente, pelas sensações de fome e de saciedade, e não pela alternância de claro e de escuro, como para os adultos”, afirma o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, vice-presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo). “Não podemos esquecer que um recém-nascido triplica o peso com o qual nasce no primeiro ano de vida. Isso requer se alimentar com frequência e muito descanso.”

Outro motivo para o sono fragmentado é o fato de as regiões do cérebro responsáveis por coordenar os ritmos do organismo, assim como suas conexões cerebrais, ainda estarem imaturas. No geral, os recém-nascidos dormem de 16 a 21 horas por dia, divididas em ciclos de duas a cinco horas.

“Com o passar do tempo, a criança começa a esboçar uma tendência maior para a vigília durante o dia e períodos de sono, cada vez mais longos, durante a noite”, fala o neurofisiologista Leonardo Ierardi, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. A evolução do sono no período noturno segue um esquema mais ou menos assim: com seis semanas, o bebê dorme seis horas; com oito semanas, oito horas, e com 12 semanas, 12 horas.

O que não significa que você também vá dormir a noite inteira. “Esses períodos não são ininterruptos. O bebê ainda acorda para mamar, pelo menos, uma vez. É de se esperar que comece a dormir a noite inteira por volta dos seis meses. Com esse tempo de vida, o cérebro da criança já está mais maduro e a necessidade de ela se alimentar não é tão urgente. Mas, mesmo depois dessa idade, noites bem dormidas são um privilégio.

A criança não funciona como um relógio e qualquer coisa pode perturbar seu repouso. O resultado: pais cansados. O estudo “Silent Night” (noite silenciosa, em inglês) –realizado em 2010 pelo Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra– revelou que os pais perdem, em média, seis meses de sono durante os primeiros 24 meses de vida do bebê. Aproximadamente, 10% dos pais conseguem apenas duas horas e meia de sono contínuo por noite e 60% dormem três horas e meia sem serem interrompidos.

Para tornar a vida mais fácil para pais e filhos, é preciso ensinar o bebê a dormir corretamente. Assim como tem de aprender a comer a primeira papinha, a se sentar e a engatinhar, a criança também precisa ser incentivada a dormir direito. O importante é criar hábitos saudáveis para que a família toda possa conseguir o descanso necessário.

Ensine a diferença do dia e da noite
“A casa deve seguir sua rotina normal, na medida do possível. Ou seja, não se deve deixá-la em silêncio total ou na penumbra por causa do bebê”, diz Alessandra Kimie Matsuno, pediatra da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (SP). Assim, o bebê vai se acostumando aos poucos com a vigília durante o dia e o repouso à noite.

Não acorde o bebê para mamar à noite
“A criança, geralmente, acorda sozinha. Mas, se estiver ganhando peso adequadamente e não acordar, deixe-a dormir”, diz o neurofisiologista Ierardi. A melhor recomendação é conversar com o pediatra do seu filho para definir até que idade alimentá-lo se ele despertar à noite.

Há especialistas que defendem que a criança deve ser alimentada até o sexto mês se acordar, outros esticam esse limite até um ano. Muitas mães acreditam que, mesmo depois de crescer um pouco, a criança acorda só por fome. Mas alimentá-la durante a noite pode causar pesadelos e dificultar ainda mais o sono.

Garanta que o recém-nascido tire todos os cochilos do dia
Deixar a criança acordada por muitas horas gera uma agitação excessiva, que só vai atrapalhar o sono da noite. Deixe-a cochilar. “Mas é melhor evitar sonecas mais longas do que quatro horas durante o dia”, fala Ierardi.

Coloque o bebê para dormir no próprio quarto
“Quanto mais a criança aprender a dormir de forma independente, melhor seu padrão de sono será no futuro”, afirma o neurofisiologista. Se o bebê estiver alimentado e de fralda limpa, muitos pediatras orientam os pais a não irem correndo para o quarto do recém-nascido ao sinal de qualquer resmungo. A intenção é deixá-lo aprender a pegar no sono sem ajuda. Segundo essa tese, deve-se aumentar, gradualmente, o tempo que se leva para atender a criança. Inicialmente, um ou dois minutos; depois, cinco, dez, 20, deixando-a a chorar por, no máximo, 30 minutos.

A eficiência dessa postura foi confirmada por um artigo publicado recentemente pela revista “Pediatrics”, da Academia Americana de Pediatria, baseado em um estudo liderado pela pesquisadora Anna Price, da Universidade de Melbourne, na Austrália. Mas essa técnica, além de exigir sangue frio dos pais, é controversa. “Eu, particularmente, acho um pouco radical. Se não for atendido quando chorar, o bebê poderá sofrer um trauma psíquico”, diz a psicóloga especializada em cuidado materno Cynthia Boscovich, de São Paulo.

Crie uma rotina antes de dormir
Para que a criança saiba que é hora de dormir, é importante que os pais mantenham uma rotina. Pode ser dar um banho, colocar o pijama, alimentá-lo e dar beijo de boa noite. O importante é repetir o mesmo esquema todos os dias, para que ela associe as coisas.

Não faça o bebê adormecer no colo com frequência
Quando o bebê sempre adormece no colo, ele aprende que precisa da ajuda dos pais para pegar no sono. “Além disso, é péssimo dormir no aconchego do colo, com todo carinho, e acordar sozinho em outro lugar”, diz Fernando Fernandes. O ideal é que os pais aprendam a reconhecer quando o bebê está sonolento e o coloquem no berço antes que ele pegue no sono.
Fonte: UOL

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