Distúrbios respiratórios leves podem ser causa subestimada de insônia

12 de dezembro de 2012
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Problemas respiratórios sutis durante o sono podem estar mais vinculados à insônia do que se imaginava, assim como o estresse e a necessidade de ir ao banheiro, sugere um pequeno estudo feito com pessoas que dormem mal.

O relatório, publicado na edição atual do periódico Sleep, mostrou que pessoas com insônia crônica acordam em média 30 vezes por noite, e que um problema respiratório breve – uma queda no volume de oxigênio inalado causada por um estreitamento das vias aéreas, por exemplo – é precedido por essas interrupções em cerca de 90% dos casos. Nenhum dos participantes do estudo tinha ideia de que apresentava problemas respiratórios durante o sono.

O estudo não é conclusivo, advertiram os especialistas, porque incluiu apenas 20 pessoas e não tinha um grupo-controle com indivíduos de sono normal para fazer uma comparação. Mas o acompanhamento, afirmaram eles, desafiou a teoria predominante de que a insônia é um problema de “hiperexcitação”, no qual o corpo mantém alta atividade psicológica e fisiológica.

Estudos anteriores vincularam as medidas de hiperexcitação a dificuldades para adormecer e problemas para voltar a dormir depois de interrupções no sono. Mas a teoria não explica satisfatoriamente o que leva a essas interrupções.

“É uma descoberta surpreendente que de modo algum pode ser desconsiderada”, disse Michael J. Sateia, professor de psiquiatria e medicina do sono na Escola de Medicina da Faculdade Dartmouth, que não esteve envolvido na pesquisa. Contudo, acrescentou ele, “sabemos que a excitação pode, por si só, promover a instabilidade das vias aéreas superiores”, e nem sempre é claro o que ocorre primeiro.

No estudo, pesquisadores do sono em Albuquerque, Novo México, entrevistaram 20 homens e mulheres com insônia crônica, perguntando sobre as causas de seus despertares noturnos. Todas as pessoas haviam procurado ajuda no Centro Maimonides de Artes e Ciência do Sono, uma clínica privada. Nenhum mostrou sinal de ter distúrbio respiratório, como apneia do sono, ou distúrbio respiratório do sono, uma forma mais branda. A maioria estava tomando remédios para dormir.

Os membros do grupo atribuíram a maioria de seus despertares a pesadelos, à necessidade de ir ao banheiro, dor ou a “pensamentos agitados”.

Mas o sono deles contou uma história diferente. Cada participante passou uma noite na clínica de sono, ligado a sensores que rastrearam as ondas cerebrais e respiratórias. Os pesquisadores mapearam cada despertar, quando as ondas cerebrais mudavam para um estado de vigília por pelo menos 16 segundos e cada problema respiratório levava a um consumo de oxigênio a níveis bem abaixo do normal.

“Quase todos os despertares foram precedidos por um processo anormal de respiração – o que levou ao despertar”, disse Barry Krakow, diretor médico da clínica Maimonides e sua divisão de pesquisa, o Instituto do Sono e Saúde Humana.

Especialistas em medicina do sono geralmente tratam a insônia com terapia com a intenção de esclarecer os equívocos das pessoas e suas suposições sobre o sono, muitas vezes subconscientes. Isso inclui a sensação de pensar no sono como um exercício de frustração e já se aproximar da cama com ansiedade. Medicamentos também podem ajudar, mas raramente resolvem os problemas subjacentes.

A nova descoberta, se reproduzida, sugere que os distúrbios respiratórios podem ser uma causa subestimada de insônia, e que o tratamento desses problemas poderia ajudar. Os médicos podem prescrever placas dentais para manter as vias respiratórias abertas durante o sono ou, em casos mais extremos, uma máquina de “pressão positiva contínua das vias aéreas”, conhecida como CPAP.

Terapias do sono podem custar milhares de dólares e nem sempre são cobertas pelos convênios. Segundo o editorial que acompanhou a pesquisa na revista científica, “um estudo maior, com grupo-controle não só poderia esclarecer se os problemas respiratórios são mesmo comuns em pessoas com insônia, mas talvez até mesmo mudar as políticas de reembolso dos planos no tratamento desses problemas”.

Fonte: New York Times

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