Fone de ouvido é o novo objeto do desejo

3 de fevereiro de 2014
fone

Criado há mais de um século, o fone de ouvido deixou de ser um mero instrumento de trabalho de pilotos de avião e locutores de rádio para cair no gosto dos consumidores como apetrecho indispensável de celulares, aparelhos de som portáteis e videogames. Versáteis e modernos — conexão Bluetooth, capacidade de armazenar músicas e microfones são algumas das funcionalidades e tecnologias agregadas a esses aparelhinhos —, os fones são presença obrigatória na mochila dos jovens e até ganharam status de acessório de moda. Especialistas alertam, porém, para o seu uso abusivo, que pode causar danos irreversíveis à audição. “Quanto mais alto o volume e mais prolongado o tempo de uso, maior será o risco de uma lesão auditiva”, explica a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, de São Paulo. Consultamos especialistas sobre as vantagens e desvantagens dos quatro modelos de fones de ouvido disponíveis e os cuidados em relação à saúde.

HEADPHONE
Cada vez mais popular, o headphone envolve a orelha e é o modelo mais recomendado por especialistas porque não agride tanto o aparelho auditivo e proporciona melhor isolamento acústico, evidenciando a percepção de graves e agudos e permitindo ouvir música com grande fidelidade em volume baixo. Além do design que veda parte do ruído ambiente, certos modelos de headphone apresentam uma tecnologia chamada noise cancelling, apontada por especialistas como a melhor característica de um fone de ouvido: por meio de um microfone, ele capta a frequência do som externo e emite outra, invertida, de mesma intensidade, para que um som anule o outro. Segundo a Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac), porém, é difícil encontrar modelos mais baratos em que a frequência emitida para anular o som externo não prejudique a qualidade da música
Ideal para: uso em locais barulhentos, como a rua ou o transporte público. Por ser capaz de isolar os ruídos externos, o headphone é o modelo que melhor se adapta a esse tipo de situação
Desvantagem: por causa do tamanho do apetrecho, alguns usuários o consideram incômodo — não só para usá-lo mas também para transportá-lo, quando ele pode se tornar um verdadeiro trambolho. Para minimizar esse problema em particular, há os modelos dobráveis
IN-EAR
O modelo intra-auricular entra no canal do ouvido e isola boa parte do som externo, permitindo ouvir música com boa qualidade sonora em volume mais baixo. Alguns modelos in-ear apresentam a tecnologia noise cancelling, que anula o som externo
Ideal para: esportistas, pois é um dos modelos mais confortáveis para a prática de exercícios físicos
Desvantagem: para evitar problemas auditivos, é preciso usá-lo em volume baixo, pois nos modelos intra-auriculares o potencial de lesão é bem maior. “O risco de lesão auditiva aumenta à medida que a saída do som se aproxima da membrana do tímpano”, explica Edson Ibrahim Mitre, vice-presidente da Sociedade Paulista de Otorrinolaringologia
EARPAD
Também chamado de supra-auricular, o modelo earpad se assemelha ao tradicional headphone. A diferença é que ele não envolve toda a orelha — apenas fica apoiado sobre ela.
Ideal para: uso prolongado. É considerado o modelo mais confortável do mercado, já que não aperta nem esquenta a orelha. Mas nada de abusar. “A dica é não ultrapassar a metade do volume máximo e fazer intervalos de uma hora a cada duas horas de uso”, recomenda a médica Tanit Sanchez
Desvantagem: não possui bom isolamento acústico, o que pode interferir na qualidade sonora e, de novo, levar o usuário a exagerar no volume

 

EARBUD
É pequeno e fica preso na parte externa da orelha. Os preços são acessíveis, com produtos a partir de 30 reais. É o modelo mais comum e o indicado para quem só quer ter uma musiquinha tocando ao fundo, sem prestar muita atenção nela, já que a qualidade sonora é prejudicada pela falta de isolamento acústico
Ideal para: ambientes silenciosos. Prático e pequenino, é perfeito também para os ouvintes ocasionais
Desvantagem: o earbud possui baixo isolamento acústico, pois, por ser apenas encaixado no ouvido, não veda bem os ruídos externos. Resultado: o usuário tende a aumentar o som para ouvir melhor a música, o que acaba prejudicando a saúde. “O aparelho auditivo é muito sensível e, infelizmente, os danos sofridos são irreversíveis. O som demasiadamente alto causa uma contração muito forte nas células nervosas, que acabam sendo danificadas”, explica Tanit

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DE OLHO NA EMBALAGEM

Além do modelo, o que o consumidor deve levar em consideração na hora da compra? A pedido de VEJA, a Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac) elencou as características técnicas mais importantes nesses produtos

Potência máxima
de entrada Tecnicamente, quanto maior a potência máxima, melhor a qualidade do som. Em modelos earbud e in-ear, 30 miliwatts são suficientes. Nos headphones, escolha produtos a partir de 200 miliwatts. Além disso, compare esse dado à potência máxima de saída do aparelho de som ao qual o fone será acoplado: a potência de saída deve ser sempre inferior à de entrada

Impedância
Medida em ohm, é a resistência encontrada pelo pulso sonoro durante a transmissão. O recomendável é que seja compatível com o aparelho de som — se for menor, corre-se o risco de danificar o fone de ouvido. Em geral, os melhores fones apresentam 32 ohms, a mesma medida dos aparelhos mais comuns do mercado, como tablets, celulares e computadores

Faixa de frequência
A unidade de frequência é medida em hertz (Hz). O fone de ouvido deve seguir o mesmo padrão do ouvido humano, ou seja, emitir sons entre 20 Hz e 20 kHz

Sensibilidade
É o volume máximo que o fone pode alcançar, em decibéis (dB). O ideal é que seja maior que 100 dB. Mas atenção: não é porque a sensibilidade do fone é maior que você deve sair ouvindo música mais alto — a não ser que queira ficar surdo ainda na juventude. Use esse número, isto sim, como referência da fidelidade sonora de que o aparelho é capaz
Fonte: Veja

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