Alimentos interferem nas crises de labirintite
7 de março de 2014De repente parece que os pés perdem o apoio e o mundo gira, deixando o corpo desorientado no espaço. Não raro a tontura é acompanhada de um zumbido chato, surdez, náuseas, vômito, suor frio e palpitações. Para quem tem labirintite, como chamamos os distúrbios que acometem o labirinto, uma estrutura dentro da orelha, esses sintomas são familiares. A história complica um pouco na hora de apontar suas causas. Afinal, a lista é extensa: de doenças vasculares a disfunções hormonais, mais de 300 encrencas podem afetar o labirinto. “Na maioria das vezes os problemas ali são a campainha de alerta, e não o incêndio”, avisa Arnaldo Guilherme, otorrinolaringologista da Universidade Federal de São Paulo. Sendo assim, além de investigar o motivo do fogaréu, faz-se necessário controlá-lo para livrar o órgão de enrascadas. E, para isso, é bom ficar de olho em um fator pouco comentado: a alimentação.
Nesse quesito, um dos principais inimigos do ouvido interno é o açúcar, escondido não só em guloseimas como chocolate, sorvete e bolachas recheadas como também em pães, tortas, bolos e massas feitos com farinha refinada. “Quando o indivíduo tem alterações na maneira de processar os carboidratos, ingerir muito açúcar pode interferir nas estruturas do labirinto, fazendo com que ele mande mensagens erradas ao cérebro”, conta o otorrino Ítalo Medeiros, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Para saborear uma sobremesa sem riscos, o jeito é apostar no consumo de frutas como banana, abacaxi, maçã e pera. “Quem quiser um prato mais elaborado pode levá-las ao forno com um pouco de canela”, sugere a nutricionista Roseli Rossi. E, no momento de se entregar às massas, o ideal é optar pelas integrais, já que suas fibras promovem uma absorção mais lenta da glicose.
O sal não fica atrás quando se fala nos perturbadores do labirinto, já que está relacionado ao aumento da pressão nos vasos. “Isso dificulta a irrigação e a chegada de nutrientes à parte interna da orelha”, explica Guilherme. O primeiro passo para brecar esse engarrafamento é trocar o condimento por temperos naturais, como alecrim, cebolinha, sálvia e salsinha. Depois, é preciso aprender a dizer não aos alimentos ricos no ingrediente, entre os quais estão os salgadinhos, empanados, sopas prontas e lanches de fast food, e dar preferência a opções mais saudáveis, como biscoitos com pouco sal e sanduíches cheios de vegetais.
A lista de itens que merecem atenção no cardápio de quem tem episódios de vertigem não para na dupla sal e açúcar. Segundo Rita de Cássia Guimarães, otoneurologista da Universidade Federal do Paraná, é fundamental evitar o consumo de alimentos que estimulem demais o labirinto, como a cafeína presente no café e nos refrigerantes, especialmente naqueles à base de cola, e a teína encontrada nos chás de plantas e ervas, sem contar o chimarrão.
Na turma dos excitantes labirínticos, é impossível deixar de mencionar as bebidas alcoólicas. “Elas podem causar uma intoxicação aguda e, assim, favorecer o aumento na densidade dos líquidos labirínticos. O resultado disso são vertigens agudas e intensas, vômitos e problemas na coordenação motora e nos reflexos”, explica Rita.
Dicas para prevenir as crises
Vale deixar claro que os cuidados para se safar dos surtos de labirintite não ficam restritos à avaliação cautelosa daquilo que vai à mesa. Cultivar outros hábitos saudáveis é igualmente importante no combate às tonturas. Entre eles, os especialistas destacam aquele que é quase um mantra: comer a cada três horas. “O labirinto precisa de um aporte constante de glicose e oxigênio para exercer suas funções. Ficar de jejum, portanto, não é uma boa ideia”, comenta a nutricionista Roseli Rossi.
Outra indicação clássica que não deve ser ignorada por quem tem o problema é hidratar-se com aproximadamente 2 litros de água por dia. “Ela é essencial para todas as reações biológicas que ocorrem no corpo”, diz a nutricionista funcional e personal diet Luciana Harfenist, do Rio de Janeiro.
Para completar, procure ficar longe do tabaco. O vício, como você já deve estar cansado de ouvir, só tende a lesionar o organismo. E para quem sempre vê o mundo girar a história é ainda pior: “Por causa da nicotina e de uma série de outras substâncias, o cigarro mostra-se tóxico para o labirinto”, conta a otoneurologista Rita Guimarães. Enfim, zelar por esse órgão não só torna os episódios de vertigem menos frequentes como também garante uma saúde de ferro.
Fonte: MdeMulher