Exercícios combatem apneia do sono

14 de abril de 2014
caminhada

Quem anda mais, ronca menos. Exercícios aeróbios são benéficos para portadores de distúrbios respiratórios do sono, como apneia e ronco. Estudos recentes provaram que o benefício é direto. “Mesmo quem não emagrece com os exercícios consegue amenizar o problema”, afirma Sílvio Musman, pneumologista e médico do exercício.
Até recentemente, os médicos acreditavam apenas que houvesse um benefício indireto do exercício para a apneia.

“Excesso de peso e obesidade são importantes fatores de risco para o distúrbio”, aponta Musman.

O excesso de gordura no corpo também se acumula na região da garganta e isso prejudica a passagem do ar nas vias aéreas altas. Se houver acúmulo acentuado na região abdominal, a gordura causa pressão no diafragma, músculo logo abaixo da costela, e prejudica a respiração.

Com os exercícios regulares, a perda de peso ajuda a eliminar a gordura acumulada em regiões prejudiciais. “Indiretamente, isso combate os problemas respiratórios do sono”, aponta o médico.

Mas novos estudos conseguiram provar uma relação direta entre exercícios e distúrbios respiratórios do sono ao avaliar os pacientes com dificuldade para perder peso. “Eles também tiveram melhora”, afirma.

A origem da relação ainda está sendo investigada, mas o médico destaca duas hipóteses. “O exercício pode proporcionar variações metabólicas que influenciam os distúrbios”, sugere o médico. Outra hipótese é a própria melhora no condicionamento físico, que afeta também o condicionamento cardiorrespiratório e permite que a pessoa ronque menos.

“Mas essa ainda é uma lacuna científica, falta uma resposta”, lamenta o especialista. Além de prejudicar a qualidade do sono, a apneia aumenta o risco de problemas cardiovasculares, causa sonolência diurna, prejudica memória e capacidade de concentração.

Exercícios localizados

Uma técnica de exercícios localizados pesquisada por médicos do Instituto do Sono, em São Paulo, também se mostrou bastante eficiente contra apneia. Ela reduz em 40% os sintomas.

São movimentos para língua e palato mole (região da garganta) que fortalecem a musculatura local e reduzem as interrupções da respiração durante o sono. Os benefícios são mensurados pela polissonografia, exame para diagnóstico de apneia.

O número de cessação na respiração por hora de sono passou de 22,4 para 13,7 interrupções/hora. Em 60% dos casos, a melhora foi tão significativa que os pacientes passaram de uma apneia de grau moderado para leve.

Os exercícios podem ser usados junto a outros tratamentos contra apneia, porque existe o risco do problema voltar, caso a pessoa deixe de praticar os movimentos.

Prevalência da apneia

Em São Paulo, o Instituto do Sono fez um estudo em 2007 e verificou que 32,9% da população tem algum nível de apneia. A pneumologista Luciana Palombini esclarece que o tratamento adotado no instituto é avaliado caso a caso.

“É preciso ver se a pessoa tem algum desvio ou alergia no nariz”, exemplifica. Se for um desvio, pode haver indicação cirúrgica. Amídalas (hoje elas são chamadas de tonsilas) grandes demais também podem ser a origem do problema.

Um dos métodos mais utilizados, caso não haja indicação cirúrgica, é a máscara facial noturna. “O uso é por tempo indeterminado”, afirma a médica. Mas ela explica que a estratégia terapêutica pode ser complementada com exercícios. “Se a pessoa tiver excesso de peso e emagrecer, ela pode melhorar e não precisar mais da máscara”, aponta.

Para o benefício direto do exercício, Musman afirma que ainda não existe um protocolo definido. “São poucos estudos, alguns apenas com exercícios aeróbios e outro com esse tipo de atividade combinada com musculação”, diz ele.

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Entre os especialistas em medicina do exercício, a principal recomendação é regularidade na atividade física. A pessoa deve escolher um esporte ou exercício que mais lhe agrade, e que seja compatível com sua rotina e condição de saúde, para incorporá-lo ao dia a dia. Tendo essa regularidade, direta e indiretamente, o exercício vai combater os distúrbios respiratórios do sono.

Fonte: iG

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