Curativo inteligente pode detectar e tratar infecções
13 de julho de 2010(Dr. Toby Jenkins utiliza um reator de plasma para revestir os protótipos de curativos com as nanocápsulas antibacteriana.Foto: Nic Delves-Broughton)
Um curativo que se automedica pode se tornar um novo elemento vital nas unidades de tratamento de queimadura. Recheada com nanopartículas, a bandagem detecta bactérias em um ferimento e responde secretando antibióticos.
“Cinquenta por cento das mortes por queimaduras ocorrem devido a infecções, o que explica a importância dessa pesquisa”, diz Toby Jenkins, da Universidade de Bath, no Reino Unido, que está desenvolvendo o curativo com uma equipe internacional de pesquisadores.
Bactérias tóxicas causam infecções ao atacar as células com toxinas que dissolvem a membrana celular. Bactérias úteis, que ajudam no funcionamento do organismo, não carregam esse arsenal tóxico. Essa diferença simples é a ideia por trás das bandagens inteligentes de Jenkins.
A estratégia foi usar as toxinas das bactérias para romper vesículas contendo antibióticos. Se funcionasse, as vesículas poderiam ser colocadas em bandagens que liberariam o antibiótico somente se um ferimento ficasse infeccionado.
“Isso reduz o risco de evolução de novos superbactérias resistentes a antibióticos, como a MRSA [Staphylococcus aureus resistente a meticilina, na sigla em inglês]“, diz Jenkins. As vesículas poderiam também conter uma tintura: se as gazes mudassem de cor, o médico saberia que uma infecção está em andamento.
Para testar a ideia, Jenkins colocou pequenas cápsulas contendo um composto antimicrobiano, chamado azida de sódio, em um tecido e o expôs a duas das mais comuns causadoras de infecções hospitalares, as bactérias Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Ele também testou as vesículas contra uma cepa não tóxica de Escherichia coli que não secreta toxinas.
Como esperado, as cápsulas estouraram quando expostos às bactérias tóxicas, liberando o antibiótico e diminuindo rapidamente a quantidade dos micro-organismos. Houve também uma pequena queda na quantidade de Escherichia coli; os pesquisadores atribuíram essa redução a pequeno vazamento nas cápsulas.
“Essa é uma ideia nova e promissora. No entanto, ainda há muito trabalho para mostrar que essa promessa pode ser traduzido em benefício clínico”, diz Jim Gray, microbiólogo do Hospital Infantil de Birmingham, no Reino Unido.
Jenkins afirma que um dos grandes desafios será assegurar a estabilidade das vesículas para armazenamento sem que percam sua eficácia. Ele aposta que em cinco anos a tecnologia estará pronta para uso clínico.
Gray acredita que a tecnologia também poderá ser útil em curativos externos usados para fixar catéteres venosos e outros aparatos médicos que são inseridos no corpo. “Esses equipamentos são uma importante fonte de infecções no sistema sanguíneo.”
O estudo foi publicado no “Journal of the American Chemical Society”.
Fonte: Folha Online