Asma e Bronquite – aprenda respirar melhor
24 de junho de 2014Qual a importância da asma e da bronquite?
Essas duas doenças respiratórias afetam grande parte da população mundial, estimando-se por volta de 5-10%, independente de idade, cultura e localização geográfica. A asma é uma doença que pode ser grave, causando grande impacto na qualidade de vida do indivíduo, podendo resultar em faltas ao trabalho e à escola. Embora não exista cura, ela pode ser controlada, permitindo que a pessoa tenha uma vida produtiva e ativa.
A bronquite refere-se a uma inflamação das vias aéreas, que pode ser aguda ou crônica, geralmente associada a uma infecção respiratória generalizada. Não se caracteriza por crises de exacerbação, como a asma, embora a bronquite crônica possa ter períodos de piora dos sintomas. Porém, a bronquite crônica se diferencia da asma porque na primeira a obstrução ao fluxo de ar é irreversível, fazendo parte da chamada doença pulmonar obstrutiva crônica, ou DPOC, a doença pulmonar dos fumantes.
O que é a asma?
A asma é uma doença crônica, que se manifesta na forma de crises de piora, que podem ser bastante graves. Na verdade, o que ocorre é que a inflamação das vias aéreas faz com que elas fiquem inchadas e produzam muita secreção (catarro). Com isso, forma-se uma obstrução ao fluxo de ar, dificultando a passagem do mesmo. Essa obstrução ocorre principalmente na expiração (quando a gente elimina o ar dos pulmões) e, por isso, o ar que a pessoa inspirou vai ficando preso nos pulmões, dificultando sua respiração. Uma importante característica da asma, que a diferencia de outras doenças com obstrução de vias aéreas, é que essa obstrução é reversível, ou seja, não fica obstruído o tempo todo. Entretanto, em alguns casos, se a doença não é tratada, essa inflamação crônica leva a um desarranjo das vias aéreas, causando uma obstrução permanente ao fluxo aéreo.
A asma inicia-se geralmente na infância, após os dois anos de idade, porém pode surgir em qualquer idade. O que ocorre na maioria dos casos é que a doença melhora no final da infância, e a criança passa a não apresentar mais crises. Porém, esses indivíduos podem, no futuro, voltar a apresentar os sintomas, pois como já dissemos a doença não tem cura, apenas controle.
Alguns fatores identificados colocam a pessoa sob maior risco de desenvolvimento de asma. Os fatores predisponentes compreendem os genéticos, que por razões ainda desconhecidas tornam esses indivíduos mais sensíveis ao aparecimento da doença. Parece que a asma é mais freqüente em meninos do que em meninas.
Dentre os fatores causais, responsáveis por sensibilizar as vias aéreas, levando ao início da doença, destacamos determinados alérgenos (substâncias que causam alergia) como o ácaro do pó doméstico, pêlos de animais, penas, pólen, fungos, alimentos e medicamentos (aspirina). O ácaro do pó doméstico é o mais comumente associado à asma. Até 80% dos pacientes com asma apresentam teste de alergia positivo para ele. Em casa, concentram-se principalmente nas roupas de cama e nos colchões. Outra situação é a asma relacionada à exposição a determinadas substâncias, no trabalho, como tintas, pó de madeira e de cereais, polens e corantes sintéticos. Nem todas as pessoas expostas desenvolvem a doença, apenas as predispostas.
Os fatores contribuintes aumentam a probabilidade de uma pessoa desenvolver a asma, quando exposta a um fator causal. São eles: infecções respiratórias, tabagismo (incluindo o tabagismo passivo) e poluição do ar.
Quais os sintomas da asma?
Os sintomas da asma variam bastante, de pessoa para pessoa, algumas apresentam crises leves, quase assintomáticas, enquanto outras desenvolvem quadros graves, necessitando de internação até em um CTI. Os principais sintomas da asma são a falta de ar (dificuldade para respirar), a tosse (geralmente sem catarro), o chiado e a sensação de aperto no peito. Algumas crianças apresentam apenas a tosse. Esses sintomas podem ocorrer em qualquer horário do dia, mas ocorrem preferencialmente à noite e pela manhã. Em outros casos, o indivíduo apresenta sintomas apenas durante a prática de atividade física, o chamado broncoespasmo induzido por esforço.
Frequentemente, as crises podem se acompanhar de batimento cardíaco acelerado (taquicardia), aumento da freqüência respiratória e sudorese. Nos casos graves, a pessoa não consegue nem mesmo falar.
O diagnóstico de asma é suspeitado na presença dos sintomas acima descritos, especialmente quando há história de parentes acometidos. Os exames normalmente realizados são a radiografia de tórax, a espirometria e, eventualmente, alguns testes cutâneos para detectar alergia. A espirometria é um exame que avalia a função do pulmão, e é realizado da seguinte forma: a pessoa respira em um dispositivo conectado em um computador, o qual faz as medidas. Durante o exame, a pessoa é orientada a respirar profundamente, soltar o ar com força e rápido, e outras manobras específicas.
Como é feito o tratamento da asma?
O tratamento da asma é altamente dependente do paciente e de seus responsáveis. Compreende o emprego de medidas preventivas associadas a modificações do ambiente e o uso de medicamentos específicos.
Com relação às modificações do ambiente (especialmente o doméstico), são recomendadas as seguintes medidas:
• Os animais de estimação devem ser mantidos fora da casa, principalmente do quarto da criança/adulto com asma.
• Quando for visitar uma casa que tenha animais, levar a medicação de alívio.
• Evitar artigos domésticos que contenham penas, como travesseiros e acolchoados.
• Os colchões, estrados de molas e travesseiros devem ser recobertos com uma capa de material plástico, sendo mantidos bem fechados.
• As roupas de cama devem ser trocadas e lavadas semanalmente.
• Se possível remover todos os tapetes, cortinas, caixas de papelão, bichinhos de pelúcia.
• Nos casos de indivíduos alérgicos a pólen, manter as janelas fechadas durante as estações com maior concentração do mesmo. Evitar sair ao meio-dia e à tarde, pois nesses horários a concentração de pólen, no ar, é maior.
• Se você tem asma, não fume.
• Não permitir o fumo dentro de casa ou perto dos indivíduos com asma.
Os medicamentos usados classificam-se em dois grupos:
• Medicamentos de alívio: são aqueles utilizados durante as crises, para aliviar os sintomas. Compreendem basicamente os broncodilatadores, os quais possuem a função de abrir as vias aéreas obstruídas.
• Medicamentos de controle: são também chamados de preventivos. São utilizados todos os dias e atuam na progressão da doença. Incluem os antiinflamatórios e os broncodilatadores de longo período de ação.
Esses medicamentos geralmente são administrados na forma inalatória, por meio das famosas bombinhas, mas também por inaladores, os quais são mais caros.
Em todos os casos, é de extrema importância, o uso correto do dispositivo, para garantir que o medicamento alcance realmente os pulmões. Em crianças e indivíduos com mais dificuldade, recomenda-se o uso de espaçadores, que facilitam a aplicação do medicamento.
Devemos enfatizar, mais uma vez, que o objetivo do tratamento da asma não é a cura, e sim o controle dos sintomas, a prevenção das exacerbações, a manutenção de testes de função pulmonar o mais próximo possível da normalidade, a prática de atividades normais e a prevenção do desenvolvimento de obstrução crônica e de morte por asma.
O que é a bronquite?
A bronquite é uma condição geralmente associada à infecção do sistema respiratório. A bronquite aguda costuma se manifestar como um quadro de tosse intensa e prolongada, que persiste após o desaparecimento dos outros sintomas. Pode tornar a via aérea mais sensível a fatores como frio, fumaça de cigarro e poluição, fazendo com que a tosse piore quando a pessoa é exposta a eles.
O período de maior incidência inclui os meses mais frios do ano, sendo quase sempre causada por infecção por vírus, geralmente os mesmos que causam o resfriado comum. Porém, algumas bactérias também podem estar envolvidas. Esses agentes infecciosos disseminam-se pelo ar, sendo adquiridos pela via respiratória.
Quais os sintomas e o tratamento da bronquite?
O principal sintoma da bronquite aguda é a tosse, que pode durar várias semanas. Quando a tosse é muito prolongada, deve-se diferenciar a bronquite da asma e da pneumonia. No início a tosse costuma ser seca (sem catarro), mas com o tempo surge uma secreção espessa e clara, que pode acabar tornando-se esverdeada ou amarelada. Outro sintoma é a dor no peito, que pode piorar quando o indivíduo inspira. Febre também pode estar presente.
O médico geralmente faz o diagnóstico apenas com a história clínica. Às vezes, para excluir pneumonia, pode ser solicitada uma radiografia de tórax. Em alguns casos, pode ser necessário o exame do catarro, o que permite, às vezes, identificar o agente causador. Porém isso não é necessário, na grande maioria das vezes.
A maioria dos casos resolve-se espontaneamente, não requerendo tratamento. Como a doença geralmente é causada por virose, não é necessário o uso de antibióticos. Para alívio da tosse, recomenda-se a realização de nebulização, que ajuda a amolecer a secreção e facilita sua eliminação. O uso de antitussígenos geralmente não é indicado, pois a tosse é um mecanismo protetor dos pulmões; sem ela, a secreção se acumula no interior deles, tornando-se um ótimo local para a proliferação de bactérias, podendo levar a quadros de pneumonia. O indivíduo deve parar de fumar, pois isso acelera a melhora, além de prevenir outras doenças pulmonares no futuro.
A bronquite crônica é um quadro de inflamação prolongada das vias aéreas, estando associada à obstrução irreversível das mesmas. Praticamente todos os casos, ocorrem pelo efeito nocivo do cigarro nos pulmões. Acomete geralmente indivíduos mais idosos, que fumaram durante longo período de suas vidas. Junto com o enfisema pulmonar, a bronquite crônica compõe o espectro da DPOC.
Os sintomas apresentados são a tosse com catarro, a dificuldade para respirar e o chiado no peito (durante as crises de piora). O indivíduo pode apresentar também coloração azulada nas pontas dos dedos, ao redor dos lábios e na ponta da orelha (cianose), nos casos mais graves.
Geralmente o diagnóstico é feito em indivíduos com os sintomas descritos acima, presentes há bastante tempo, e com relato de tabagismo pesado de longa data. Os exames realizados são a radiografia do tórax e a espirometria.
O primeiro passo para o tratamento é parar de fumar. Sem isso, os medicamentos são inúteis. Esses compreendem os mesmos grupos utilizados no tratamento da asma. Nos casos mais graves pode ser necessário o uso de oxigênio.
Fonte: Bibliomed