Cera no ouvido: quais são as consequências do excesso de cera no ouvido?

25 de março de 2014
ouvido

O que é cera no ouvido?

A cera ou cerume no ouvido é uma secreção fabricada pelas glândulas ceruminosas e sebáceas situadas na porção mais externa do conduto auditivo e tem a função primordial de proteção. Por um lado, em virtude de seu pH ácido (entre 4 e 5), ela protege a tênue mucosa do canal auditivo de infecções por vírus, bactérias ou fungos e, por outro lado, evita que poeira ou outras pequenas partículas possam avançar para dentro do canal auditivo e atingir o tímpano. No entanto, se em excesso, ela prejudica a função auricular e, se for mal manipulada, ela pode entupir o canal auditivo ou encostar-se no tímpano, gerando consequências e sintomas.

Em alguns casos, não conseguimos encontrar nenhum motivo claro para a ocorrência da produção aumentada de cera no ouvido. Algumas pessoas simplesmente produzem mais cerume do que o ouvido é capaz de eliminar. O envelhecimento pode facilitar o processo de acúmulo de cera no ouvido porque as pessoas mais idosas geralmente produzem um cerume mais duro e menos lubrificante, que provoca uma redução na capacidade de expulsá-lo. Pessoas com alterações anatômicas do ouvido podem ter um canal auditivo mais estreito, o que favorece o acúmulo de cera em seu interior. A cera encontrada nas regiões profundas do canal auditivo ou junto ao tímpano, geralmente foi empurrada para lá pelas tentativas de limpar os ouvidos com grampos, cotonetes, etc. A que permanece na ponta distal do canal auditivo (meato auditivo) quase sempre se resseca e se desprende juntamente com as impurezas que absorve, num processo de auto-limpeza, ou pode ser facilmente removida por uma higienização superficial do ouvido. Em certas condições, como um canal muito curto ou tortuoso, uma produção excessiva de cera por distúrbio das glândulas da pele pode formar verdadeiros tampões que obstruem o canal auditivo. Essas formações, na dependência das suas causas, podem ser uni ou bilaterais.

 

Quais são as consequências do excesso de cera no ouvido?

O acúmulo de cera no ouvido geralmente é assintomático, mas quando ele é tão grande a ponto de obstruir o conduto auditivo, pode causar dificuldades de audição e mesmo surdez em pelo menos um dos ouvidos. Além disso, se a cera no ouvido estiver aderida ao tímpano, pode causar dores de ouvido, tonteiras, vertigens, zumbidos ou algum outro incômodo como coceira ou sensação de ouvido entupido. Em alguns casos, a cera no ouvido pode se tornar visível, causando uma impressão estética desagradável. Só o excesso ou a cera aparente devem ser retirados. Uma fina película de serosidade normal evita o ressecamento da mucosa, que pode vir a causar as infecções e outras moléstias. Além disso, a cera do ouvido representa uma impermeabilização contra a água e contém vários tipos de anticorpos defensivos. Sua consistência pegajosa também ajuda a grudar e reter corpos estranhos de tamanhos minúsculos. A falta ou o excesso de cera no ouvido pode causar eczema do meato acústico, otite externa, exostose e osteoma do meato externo.

 

Como retirar o excesso de cera do ouvido?

A melhor solução é procurar um otorrinolaringologista para que ele faça isso de modo adequado e seguro. Se, contudo, você resolver fazer isso por si mesmo, observe o seguinte: se a cera estiver localizada apenas na entrada do conduto auditivo ela pode ser facilmente removida por meio de um cotonete ou pelo próprio dedo, mas se ela estiver localizada mais profundamente, uma lavagem do ouvido será necessária. Para fazê-la, prepare, em um recipiente bem limpo, uma solução contendo meia xícara de água morna e uma colher de chá de sal; ou de partes iguais de água oxigenada a 10 volumes e água comum; ou partes iguais de vinagre e álcool líquido ou, ainda, use óleo de bebê (ou óleo mineral) ou glicerina. Faça uma pequena bolinha de algodão e mergulhe-a em um desses líquidos. Em seguida, retire-a e aperte-a delicadamente para retirar o excesso de líquido. Assentado numa cadeira, incline a cabeça para um dos lados, como que procurando encostar o ouvido no ombro homolateral. Esprema a bolinha de algodão de modo a deixar cair 3 a 5 gotinhas de líquido dentro conduto do ouvido voltado para cima. Aguarde por alguns minutos até que a gravidade as leve até o fundo, junto ao tímpano. Incline a cabeça no sentido oposto, para que o líquido escorra. Recolha-o de volta numa toalha. Repita essa operação certo número de vezes, até perceber que toda a cera tenha sido extraída. No caso do óleo de bebê (ou óleo mineral) ou glicerina, goteje 3 a 5 gotas no interior do canal auditivo, usando um conta-gotas. Feche-o com um algodão e o mantenha fechado por cerca de 10 minutos. Repita isso durante três dias.

 

O que não fazer para retirar cera do ouvido?

Se a cera estiver localizada profundamente no canal auditivo, não use qualquer forma de estilete (grampos, cotonetes, lápis, tampas de canetas, etc.) para retirá-la. Nessa região a pele é mais tênue e pode ferir-se e/ou infeccionar com facilidade. Além disso, o estilete pode empurrar ainda mais profundamente a cera, agravando o problema, ou mesmo perfurando o tímpano.
Não use qualquer jato forte de spray no ouvido. Quando houver indicação para tal, isso deve ser uma prerrogativa médica.
Evite usar uma seringa para injetar a solução higiênica no ouvido porque um jato forte pode feri-lo ou mesmo perfurar o tímpano.
Não deixe o ouvido molhado, após o procedimento. Seque-o bem. Isso evita infecções.

Fonte: ABC.MED.BR

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