Cinetose, o terror dos viajantes

16 de novembro de 2011

Vem chegando o verão. Tempo de férias, de viajar e de antigas preocupações e dúvidas: será que a estrada tem muitas curvas? Será que só dá para fazer essa parte do passeio de barco? O voo é muito longo? Esses são dilemas muito comuns entre as pessoas que sofrem com a cinetose — nome científico do enjoo do movimento —, aquele mal-estar que acontece quando se está em meios de transporte, brinquedos de parques de diversão ou ainda durante um jogo de videogame.

A cinetose é um conjunto de sinais e sintomas que inclui tontura, palidez, sudorese, náusea, vômito, salivação, bocejos e mal-estar generalizado. Origina-se na estimulação exagerada do labirinto. Ela pode acontecer em qualquer situação de movimento e em qualquer pessoa, embora algumas sejam mais predispostas do que outras. Esses sintomas surgem devido ao conflito que o cérebro enfrenta ao receber informações visuais de movimento, enquanto o corpo permanece parado. Sem saber qual informação é correta, o cérebro fica em dúvida sobre no que acreditar, surgindo então os sintomas.

É comum acontecer durante viagem de carro, ônibus ou barco. É por isso que alguns passeios se tornam torturas para alguns, que, por receio de sofrer esses sintomas, evitam viagens mais longas de carro ou ônibus e, ainda, sentem calafrios ao pensar em barcos.

A crise é caracterizada por uma fase inicial de desconforto físico e bocejos periódicos seguida por náusea, vômito, palidez, sudorese, aumento da salivação, hipersensibilidade a cheiros, dor de cabeça, tontura, fadiga, perda da capacidade de concentração, dificuldade para realizar tarefas e sensação de desmaio iminente. Qualquer pessoa pode desenvolver cinetose, mas ela é mais comum em mulheres e crianças, principalmente se sofrem de enxaqueca.

Estudo recente com 2 mil pré-adolescentes no interior de São Paulo identificou duas em cada 10 crianças como portadoras de cinetose. É um problema sério, principalmente quando as crianças precisam ingerir medicação antes de pegar o transporte escolar e acabam ficando sonolentas durante as aulas, prejudicando seu rendimento escolar.

Há fatores agravantes que predispõem ao aparecimento dos sintomas, como privação do sono, abuso de álcool e cafeína, dieta rica em gorduras, alguns alimentos, em especial queijo, chocolate, vinho e condimentos da cozinha chinesa. Dessa forma, é importante evitar esses alimentos e ter uma boa noite de sono na véspera da viagem ou do passeio. Mesmo tomando esses cuidados, os sintomas podem aparecer se ocorrerem variações hormonais ou pelo uso de determinados medicamentos.

Alguns cuidados na hora da viagem podem ser tomados para que a cinetose não aconteça, como olhar em um ponto fixo, sentar-se no banco da frente e prestar atenção no caminho, não ler, evitar olhar o movimento das janelas laterais do veículo, permanecer em local ventilado, não sentar-se de costas ou no banco lateral do transporte.

A abordagem do médico para o enjoo de movimento consiste em estudar o labirinto do paciente por meio de exames diagnósticos e, se nada de errado for encontrado, receitar medicação preventiva que deve ser tomada meia hora antes da viagem. Esses medicamentos diminuem o funcionamento do labirinto, evitando assim os sintomas.

Em viagens de navio, que são mais longas, o uso de medicamentos deve iniciar um ou dois dias antes da viagem. Outro método eficiente é a reabilitação vestibular, um programa de exercícios físicos que treina o labirinto para que ele não responda às situações de conflito durante o movimento. O trabalho de reabilitação vestibular previne o enjoo e diminui a ansiedade, contribuindo assim para a melhora dos sintomas.

Fonte: Correio Braziliense

Escreva um comentário