Conheça os exames para entrar bem na terceira-idade
5 de agosto de 2015O aumento da população idosa é uma realidade também aqui no Brasil: nos últimos 30 anos a expectativa de vida do brasileiro passou de 62 para 73 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. O grande desafio é entender como envelhecer de forma saudável, mantendo corpo e mente ativos. Nesse cenário, é importante estar atento às doenças que têm como um dos principais fatores de risco a idade – e nada melhor do que iniciar os exames de rastreamento na faixa etária recomendada, ou então continuar fazendo aqueles que, se já eram importantes antes, passam a ter atenção redobrada após a meia-idade. Confira essa lista e não se esqueça: na dúvida sobre qualquer alteração no seu corpo ou sintoma diferente, pergunte ao seu médico!
Hemograma e colesterol
O conhecido exame de sangue ajuda o médico a identificar diversos aspectos da sua saúde – principalmente os males do coração, que são mais incidentes a partir dos 50 anos de idade. “É com o exame rápido e simples de colesterol e frações que o médico consegue avaliar índices importantes como o colesterol (tanto o LDL, o colesterol ruim, quanto o HDL, conhecido como bom colesterol) e o perfil lipídico, que revela se há ou não risco para aterosclerose, AVC ou hipertensão arterial”, explica o geriatra Clóvis Cechinel, do laboratório Pasteur, em Brasília. Já o hemograma avalia doenças como anemia e outras possíveis infecções, que na terceira-idade são mais passíveis de causar complicações.
TSH
A incidência de hipotireoidismo aumenta com o passar da idade, principalmente nas mulheres. Isso porque na fase da menopausa é muito comum a mulher sofrer da tireoidite de Hashimoto ou tireoidite crônica, doença autoimune em que o corpo produz anticorpos que atacam a tireoide, fazendo deste distúrbio a principal causa do hipotireoidismo. “Durante o climatério, período em que as doenças autoimunes são mais frequentes, é possível que o metabolismo de hormônios, como estrógeno, esteja produzindo fatores desencadeantes para doenças autoimunes, entre as quais a doença de Hashimoto”, afirma a geriatra Silvia Prado, da equipe do Lar Sant’Ana. Dessa forma, o exame de TSH é importante para verificar se há alguma alteração significativa no funcionamento da tireoide que precise de tratamento.
Densitometria óssea
O exame de densitometria óssea é usado para medir a densidade de nossos ossos, ou a massa óssea. “Ele usa um aparelho especial de raio-x, e é o melhor exame para controlar a evolução da osteoporose e de seu tratamento”, diz o geriatra Clóvis. O controle com o exame geralmente é anual, mas a frequência pode mudar conforme orientação. “A densitometria avalia o grau da osteoporose e acusa a probabilidade de fraturas”, lembra. Por isso mesmo que é um exame de extrema importância a partir dos 50 anos, uma vez que nossos ossos crescem somente até os 20 anos e sua densidade aumenta até os 35 anos, começando a perder-se progressivamente a partir disso.
Colonoscopia
O câncer de cólon e reto tem, entre os principais fatores de risco, a idade. O consumo de álcool, o tabagismo e uma dieta pobre em fibras e rica em gordura são outros fatores de risco para esse tipo de câncer. O exame consegue identificar alterações da mucosa do intestino que podem evoluir para um câncer e o tratamento dessas alterações já reduz o risco da doença. A colonoscopia deve começar a ser feita a partir dos 50 anos de idade para pessoas sem histórico familiar da doença. Aqueles que possuem fatores de risco devem incluir o exame na rotina após os 40 anos ou 10 anos antes da idade do caso mais precoce na família. “A colonoscopia também pode ser indicada em investigação de dores abdominais, alteração do hábito intestinal, hemorragias pelo ânus, diarreias e outras queixas relacionadas”, explica a especialista. Se os exames forem normais, devem ser repetidos a cada cinco ou dez anos. Já o resultado alterado deve ser repetido conforme orientação do médico.
Raio-X de tórax
Essencial para quem é fumante, o raio-x de tórax é importante para avaliar o estado dos pulmões após os 50 anos. “Apesar do câncer de pulmão não ser o mais prevalente, é um tipo de câncer mais agressivo”, afirma a pneumologista Sandra Aparecida Ribeiro, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisilogia (SBPT). Por isso, se o indivíduo é ou foi fumante, deve visitar um pneumologista anualmente para detecção desse problema ? após a meia-idade esse exame se torna mais importante, uma vez que quanto mais tempo de exposição ao cigarro, maiores os riscos. A visita ao pneumologista também deve acontecer sempre que a pessoa for vítima de gripes ou resfriados. Sintomas como uma tosse que demora a se curar não podem ser ignorados. “O risco de o problema evoluir para uma pneumonia é maior e pode levar o paciente à morte”. Outro cuidado fundamental é tomar as vacinas contra infecções respiratórias (gripe e pneumonia, por exemplo) disponíveis para pessoas de mais idade em postos públicos.
Eletrocardiograma
O sistema cardiovascular sofre diversas modificações com o decorrer da idade, que culminam com o comprometimento da função cardíaca. “Ocorrem alterações estruturais no coração, nas válvulas cardíacas e nas paredes das artérias”, explica a geriatra Silvia. Tais modificações acarretam em diminuição da reserva funcional, limitando o desempenho cardiovascular durante as atividades físicas e em outras situações de grande demanda. Por isso, recomenda-se uma visita anual ao médico a partir dos 40 ou 50 anos, que fará uma análise clínica do paciente, avaliando se ele apresenta fatores de risco como obesidade e gordura abdominal – além de solicitar o ecocardiograma e medir a pressão arterial. O eletrocardiograma é um exame que mede a frequência cardíaca e suas oscilações se a pessoa está em atividade intensa ou repouso. Isso ajuda o médico a encontrar alterações, como insuficiência cardíaca, arritmias e outras cardiopatias. Junto do eletrocardiograma, é importante manter as medidas de pressão arterial uma vez ao ano, mesmo para quem não sofre de hipertensão, ajudando na prevenção e tratamento da doença.
Exame de toque retal e PSA
A partir dos 45 ou 50 anos, todo homem deve marcar uma consulta com um urologista anualmente, pois o risco de um câncer de próstata ser diagnosticado nessa idade aumenta. A investigação correta para a doença é feita com uma história clínica completa, dosagem de PSA, toque retal e ultrassom de próstata por via retal. “O PSA é uma proteína que a próstata normal pode produzir e o tumor de próstata produz em quantidade muito maior”, explica o geriatra Clóvis. Esses exames devem ser feitos sempre e em conjunto, pois o toque retal nem sempre pode detectar um câncer que apresenta dosagem de PSA, assim como de 24 a 40% dos tumores não apresentam altas dosagens da proteína PSA, não sendo detectados pelo exame – mas podem ser pelo toque. “O exame de toque retal também nos dá informações adicionais sobre a próstata, mesmo que não relacionado à doença maligna, como a hiperplasia prostática benigna.” Além disso, o exame de toque também possibilita encontrar pólipos e fazer retirada de pele para biópsia.
Papanicolau e mamografia
A principal indicação da mamografia é para o rastreamento do câncer de mama – e as mulheres entre 40 e 69 anos são as principais vítimas da doença. “Isso porque a exposição ao hormônio estrógeno (principal causador dos tumores) está no auge com a chegada dessa idade”, explica a geriatra Silvia. A partir dos 50 anos, particularmente, os riscos entram em uma curva ascendente. Para mulheres que não tem histórico familiar e são assintomáticas, a mamografia deve começar a ser feita a partir dos 40 anos. Já para aquelas que possuem casos de câncer de mama na família, a mamografia deve começar a ser feita 10 anos antes do caso mais precoce entre as parentas que tiveram a doença. Por exemplo: se uma mulher descobriu um câncer de mama aos 40 anos, sua filha deve começar a fazer mamografias anualmente aos 30 anos.
Juntamente com a mamografia, o exame de Papanicolau precisa continuar a ser feito mesmo após os 50 anos – independente da vida da mulher continuar sendo ativa ou não. Segundo os especialistas, esse exame deve fazer parte da lista até os 70 anos. “É preciso ficar claro que algumas infecções independem disso e que esse é um exame importante”, ressalta o geriatra Clóvis.
Dosagens de vitamina D, cálcio e PTH
Juntamente com a densitometria óssea, o exame para detectar deficiências de vitamina D (25-hidroxi vitamina D) e cálcio no sangue e ossos é essencial para o acompanhamento do risco de osteoporose a partir da meia-idade. “Quando os níveis de vitamina D estão abaixo do normal, é sinal de que a associação do cálcio nos ossos está ineficiente – já que a vitamina é responsável por essa ligação”, afirma o geriatra Clóvis. Além disso, também pode ser pedido um exame de PTH – que indicam as quantidades do hormônio da paratireoide no seu organismo. Isso porque, explica o especialista, o PTH está relacionado com a absorção de cálcio e vitamina D pelo intestino e rins. Dessa forma, altos níveis de PTH no sangue indicam que o cálcio pode não estar sendo utilizado como deveria para o fortalecimento dos ossos, pois não consegue se ligar a eles, e o corpo precisa produzir mais PTH para descartar esses minerais circulantes no sangue. “Exames positivos para deficiência de vitamina D e cálcio, em conjunto alguma alta dosagem de PTH, são bem suspeitos para acompanhamento de uma futura osteoporose e podem indicar a necessidade de suplementação vitamínica”, ressalta Clóvis.
Ureia e creatinina
Também é importante que ele possa verificar a creatinina, para averiguar as funções do rim – uma vez que quanto maiores são os níveis de creatinina, menos eficiente está o rim. “A creatinina serve de suporte para fazer o cálculo da taxa de quanto o rim consegue filtrar das impurezas que estão passando ali”, conta o geriatra Clóvis. Com o passar da idade esse valor vai subindo gradativamente, e a função renal também vai diminuindo como um reflexo do envelhecimento – resta saber se esses níveis não resultarão em uma insuficiência renal mais grave. Esse acompanhamento é ainda mais importante para pacientes com diabetes e hipertensão, já que essas condições elevam o risco de complicações renais. “A dosagem da creatinina é muito importante, pois ela pode aumentar de forma assintomática, servindo de alerta para a possibilidade de uma doença renal.”
Glicemia de jejum
O risco de diabetes tipo 2 aumenta consideravelmente a partir dos 45 anos, principalmente por conta do aumento dos fatores de risco, como obesidade – por isso, pessoas que tem histórico familiar da doença e não fazem esse exame com frequência devem considerar incluir a dosagem na lista de exames anuais a partir desse período. Portadores de diabetes tipo 1 fazem o exame de glicemia de jejum com maior frequência, pois precisam saber os níveis de glicose para ajustar a dose de insulina a ser aplicada – nesse caso o exame é feito em jejum ou então antes da próxima aplicação, usando um aparelho chamado glicosímetro. Portadores de diabetes tipo 2 em uso de medicação oral e eventualmente insulina fazem o exame com uma frequência menor, geralmente durante a consulta médica.
Exames oftalmológicos
Após os 50 anos, doenças como a catarata e o glaucoma têm maior incidência, daí a necessidade de uma visita anual ao oftalmologista. “Grande parte das doenças dos olhos são irreversíveis, então identificar o problema precocemente pode eliminar a necessidade de cirurgias”, afirma o oftalmologista Marco Antonio Alves, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. O especialista lembra ainda que é possível identificar outras doenças silenciosas, como o diabetes e a hipertensão, apenas por meio de exames oculares. “E mesmo quem já sabe que é portador dessas doenças pode melhorar o controle clínico delas em uma consulta oftalmológica”, complementa.
Fonte: minhavida.com.br