Descubra por que correr dá tanto prazer
14 de dezembro de 2016Enquanto os pés tocam o asfalto, o corpo todo se move. Braços paralelos impulsionam as passadas; músculos das costas e do abdome protegem a coluna do impacto no chão; quadril, pernas, tornozelos, pés, todos estão coordenados em movimento e equilíbrio para o corpo correr. Depois de alguns minutos, o suor invade seus poros, o coração está acelerado, a mente alerta e a respiração em cadência com seus passos. Mas a corrida não é só um corpo em movimento. Lá vem o barato da corrida. Você desaquece e batimentos cardíacos e respiração voltam ao normal, a vida segue: banho, café da manhã, trânsito, trabalho, reuniões. Mas você está diferente: mais disposto, com energia e bem-estar. Isso tem uma razão: enquanto você corria, muita coisa aconteceu aí dentro…
É o barato da corrida. Conhece essa sensação? Mais do que a sensação da brisa no rosto e das passadas no asfalto (ou nas montanhas), a corrida é pura química! Quando você corre, um turbilhão de hormônios começa a trabalhar. Aquela sensação de felicidade pós-treino é real: o tal “barato da corrida” existe e, quando vira hábito, correr se transforma em estilo de vida e vira um vício do bem. Dentre todos os hormônios ativados durante a corrida, destacamos os principais que fazem você ficar feliz enquanto corre por aí.
Entenda como funciona o barato da corrida:
Endorfina
Substância com propriedades da morfina produzida internamente pelo organismo. Nasce na glândula hipófise e no hipotálamo durante exercícios vigorosos, excitamento e orgasmo. É um neurotransmissor, assim como a noradrenalina, a acetilcolina e a dopamina, e é utilizada pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso. As endorfinas executam um papel essencial no equilíbrio entre o tônus vital e a depressão — além de aliviarem a dor e causarem bem-estar. As endorfinas colocam o organismo inteiro em um estado de relaxamento e também regulam a fadiga. E viciam! Tanto que muita gente relaciona a endorfina ao tal barato do corredor. Segundo especialistas, a irritabilidade comum aos atletas após muito tempo sem exercícios é um dos sintomas da abstinência de endorfina.
Endocanabinoides
Pode acreditar: há certa relação entre a corrida e o uso da maconha; o tal barato da corrida existe, sim! Isso por conta da liberação da anandamida (endocanabinoides), que acontece durante a corrida — e também em quem fuma maconha. Pesquisadores da Universidade de Heidelberg publicaram um novo estudo que desafia a história de que apenas a endorfina é a responsável pelo tal “barato da corrida”. Essa brisa da corrida, segundo este estudo, acontece também devido aos endocanabinoides, que podem basicamente ser classificados como receptores da maconha no seu corpo. Ambos afetam esses receptores e impactam vários processos fisiológicos, incluindo apetite, dor, memória e o humor. A pesquisa foi publicada no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, e foi realizada com ratos.
Leptina
Hormônio produzido pelo tecido adiposo, a leptina influencia os mecanismos de saciedade e também a atividade física. Alguns relacionam essa sensação de liberdade, de bem-estar e energia que os corredores relatam sentir durante uma corrida não apenas com a liberação de endorfinas ou dos endocanabinoides, mas com um mecanismo de recompensa ativado pela leptina. Segundo estudo publicado no periódico científico Cell Metabolism, realizado por pesquisadores da Universidade de Montreal, a leptina ainda atua nos neurônios que produzem dopamina, um neurotransmissor que também promove essa sensação de bem-estar.
Comida para ser feliz
Uma alimentação balanceada e rica em vitaminas B e D também pode ajudar a estimular a produção de hormônios como a serotonina e a dopamina – responsáveis por causar a sensação de bem-estar. Confira:
Chocolate amargo
Rico em gorduras boas, antioxidantes e estimula a produção de triptofano, precursor da serotonina.
Milho orgânico
Rico em vitamina B6, boa para a circulação sanguínea e fundamental para as funções cerebrais
Proteínas
Este nutriente, encontrado em carnes, por exemplo, é rico em triptofano – que ajuda a formar a serotonina.
Vegetais
Couve, brócolis, rúcula e vegetais de folhas escuras liberam serotonina no organismo.
Pimentas
Liberam a capsaicina, que estimula o cérebro a produzir endorfina, que causa sensação de euforia e de prazer.
Aveia
Este alimento contém selênio, além de fibras solúveis com antioxidantes, essenciais para energia duradoura.
Fonte: educacaofisica.com.br