Entrevista: Leno Veras
3 de outubro de 2011Leno Veras de Carvalho, 25 anos, gosta tanto de falar com pessoas e estar entre elas, que só entendemos verdadeiramente o que isto significa quando tomamos conhecimentos de todos os lugares pelos quais passou: na América do sul temos Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia e Perú. Na Europa: Portugal, Espanha, França, Suiça, Aústria, Itália, Hungria, República Tcheca, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Bélgica, além de Canadá e Marrocos.
Veras é formado Bacharel em Comunicação Social pela Universidade de Brasília e especialista em Produção de Textos Críticos e Difusão Midiática das Artes pelo Instituto Universitário Nacional de Arte (Argentina). Atualmente é pesquisador associado do núcleo Estudos Audiovisuais da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha e integra um projeto das Nações Unidas como curador da exposição Humanizando o Desenvolvimento (http://www.ipc-undp.org/photo/index_pt.htm).
Conheceremos um pouco mais sobre este rapaz que não gosta muito de atividades físicas de alto impacto, dá preferência à yoga, gosta de poesia e tem em Museus sua fonte de passatempo, diversão e aprendizado favorito.
1. Como foi sua experiência em entidades governamentais como o MEC e a ONU?
Acredito veementemente que o âmbito público, essa vasta gama de entidades que vão desde os governos às organizações não governamentais, é o espaço da criação para a sociedade na qual acredito, de modo que não concebo o meu trabalho em outra esfera, portanto, apesar das dificuldades, minhas incursões nessa esfera reiteraram o pensamento de que vale a pena trabalhar pela pluralidade, por mais complexa que seja a realidade.
2. Qual o seu objetivo em sua carreira? Onde quer chegar?
Dizem que o caminho a gente cria ao caminhar e, assim sendo, vou adiante pensando no próximo passo, mas quando projeto futuros, me imagino vinculado á educação pública, no mais amplo espectro desse conceito.
3. Quem busca uma carreira internacional, o que deve priorizar e investir?
Antes de mais nada, é essencial a compreensão de que a vivência do estrangeiro é muito diferente da experiência do turista, de maneira que se faz necessário aprender a viver só para, em seguida, se inserir em uma nova coletividade. Além disso, o estudo dos idiomas e das culturas é importante.
4. Atualmente busca-se entender para onde a internet flui, redes sociais simples explodem de usuários, enquanto outras surgem e desaparecem instantâneamente. Você utiliza desse meio pessoalmente e profissionalmente? Como?
Sim, mas acredito que a ferramenta não substitui o ofício. Existe uma teoria, relativa a uma etapa histórica anterior á contemporaneidade, que explicitou a famigerada máxima de que “o meio é a mensagem”, o que é uma verdade absoluta quanto ás comunicações de massas do século XX, mas isso tudo está se metamorfoseando desde o surgimento das novas plataformas comunicacionais que nascem na rede mundial de computadores e o novo estado da questão é que todos temos poder de voz, de forma que o conteúdo é que demarca o que, quando, onde e como serão comunicadas as mensagens, instaurando um outro modelo: “a mensagem é o meio”.
5. Aplicativos de notícias hoje se moldam ao gosto do leitor, onde recebemos apenas o que nos interessa e os acessamos em aparelhos móveis como tablets e smartphones. Qual a realidade desse movimento no mundo e no Brasil, especificamente em Teresina?
A realidade é que uma ínfima minoria continua acessando a informação desde aparatos tecnológicos, seja lá qual for a última geração, enquanto uma imensa maioria é mantida á margem desse processo, pois os mecanismos de exclusão se tornam mais eficientes á medida que a complexidade dos meios se intensifica. Em todos os países, estados e cidades, encontramos quem os que leem nas telas de plasma e também os que não sabem nem ler, é essa a questão principal.
6. Em contrapartida mecanismos de buscas e redes sociais já assumiram modificar padrões nas pesquisas dos usuários, direcionando-os de acordo com seus perfis e interesses. Isso beneficiaria anunciantes, e deixaria pontos cegos a quem busca informações de modo geral. Você tem algum cuidado com isso? Você acha que esse lado “negro” da rede influenciaria os resultados a ponto de nossa visão estar sendo manipulada?
Qualquer mediação está relacionada com a deturpação, desde a tradução de um livro aos trending topics do twitter, então o cuidado deve ser tomado ao ler qualquer meio de comunicação. A mídia exerce poder e é necessário estar atento aos interesses políticos e econômicos que promovem ideias sociais, pois estamos sempre sendo manipulados em uma sociedade na qual a cultura é uma indústria. Com o perdão pela infâmia: vale a pena ler de novo.
7. Qual sua tese de estudo?
Acredito que as ciências humanas, em especial as sociais, tem a missão de analisar os processos históricos com um olhar crítico, com o velho e bom intuito de conhecer o passado para compreender o presente e, assim, projetar o futuro. Dessa feita, minha pesquisa, nesse momento, se aloca no âmbito dos estudos culturais, debruçando-se sobre as práticas curatoriais como um mecanismo de construção social. Especificamente, me interessam as “cápsulas do tempo”, desde os mausoléus primitivos ás redes sociais futuristas – o que, por que e para quem guardamos nossos objetos (sejam em caixas ou cofres, pastas ou nuvens). E por aí vai…
8. Muitas viagens pelo mundo te colocaram em contato com diversas culturas diferentes. O que mais te chamou atenção ou te marcou, se tratando de arte e cultura em diferentes povos?
É tanta coisa nesse mundo que eu só poderia dizer uma: justamente a diferença.
Um filme, um ator e um diretor de cinema
Santiago, com Santiago, do João Moreira Salles.
Uma música, um disco e um artista/banda musical
Voyage, do Man With a Movie Camera, do The Cinematic Orchestra .
O que mais gosta de fazer nas horas “livres”
Nada.
Um livro, um autor
Pulsações, da Clarice Lispector.
Melhor viagem e melhor país para se morar
Ver o sertão virar mar do farol da praia do Coqueiro, bem alí no alto do Brasil.
Principais gadgets
Não sou de bugingangas, mas o Street Tag, á venda no iTunes, até que é interessante.