Ex-presidente Lula está com câncer na laringe e começa quimioterapia

31 de outubro de 2011

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou por volta das 10h desta segunda-feira, 31, ao Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, onde será submetido à primeira sessão de quimioterapia para tratamento contra o câncer na laringe diagnosticado no sábado, 29. Lula chegou acompanhado por sua esposa, Marisa Letícia. A equipe médica marcou para as 11 horas entrevista coletiva para falar sobre o quadro clínico do ex-presidente.

Segundo o médico, Roberto Kalil Filho, as chances de cura da doença são acima de 75%. Kalil afirmou também que a partir de janeiro o  ex-presidente deve passar por radioterapia.

O tumor, de cerca de três centímetros, localizado na laringe, acima da supraglote. A expectativa é de que a primeira sessão de quimioterapia dure cerca de três horas e que Lula durma esta noite no hospital. Antes, pode receber a visita da presidente Dilma Rousseff, que tem chegada prevista para as 19h30 no aeroporto de Congonhas – à noite ela participa de evento na capital.

Em nota divulgada no domingo, 30, a assessoria de imprensa do ex-presidente informou que, até o fim de janeiro de 2012, estão suspensas tanto as viagens nacionais como as internacionais programadas para o período.

Uma das maiores preocupações dos médicos ao tratar de um paciente com câncer na laringe é com as possíveis sequelas na voz. Embora no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha-se optado por evitar a cirurgia para minimizar as perdas vocais, especialistas ouvidos pelo Estado afirmam que a quimioterapia e a radioterapia também podem prejudicar a fala.

“A radioterapia causa um enrijecimento nos tecidos da região. E, quanto mais rígido fica o tecido, maior é da dificuldade para falar e para engolir”, explica José Guilherme Vartanian, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital A. C. Camargo. Segundo ele, Lula provavelmente terá de se submeter também ao tratamento radioterápico, pois a quimioterapia não é suficiente para eliminar esse tipo de tumor.

“A quimioterapia potencializa os efeitos danosos da radioterapia para a fala. Além disso, a região da laringe afetada pelo tumor não se recupera mais”, diz.

Vartanian explica que a gravidade das sequelas vai depender do tamanho do tumor e do tipo de radioterapia utilizado. Mas, continua, os grandes hospitais da capital – como o Sírio-Libanês onde o presidente fará seu tratamento – já contam com técnicas modernas que causam menos danos aos tecidos da região.

A presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Mara Behlau, explica que, após o tratamento contra câncer de laringe, é muito comum que os pacientes fiquem com a voz mais baixa e mais rouca. Esses efeitos, no entanto, são minimizados com a ajuda de exercícios vocais.

“Lula é um grande comunicador. Tem uma voz naturalmente rouca que é muito característica de sua personalidade. Tenho certeza de que, com a reabilitação fonoaudiológica, poderá recuperar quase totalmente sua assinatura vocal”, avalia a especialista.


Fonte: Estadão

Escreva um comentário