Falta de vacinação de adultos impulsiona surto de coqueluche
21 de setembro de 2011O número de casos de coqueluche no Estado de São Paulo até julho deste ano já é maior do que o total registrado em 2010, segundo dados da Secretaria da Saúde. Até o dia 19 de julho, foram registrados 183 casos, contra 176 em 2010. O pior ano da doença na última década foi 2008, com 258 casos.
Segundo o Sinan (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), até agosto, o Brasil confirmou 593 casos, sendo 80% deles em bebês menores de seis meses. Houve 16 mortes, todas entre crianças.
Os surtos da doença ocorrem em intervalos de dois a quatro anos. A bactéria age mais em temperaturas altas.
O principal problema é o aumento dos casos em adultos. Apesar de a doença não ser tão grave nesse grupo, é ele o principal transmissor da infecção para bebês. Quanto menor a criança, mais perigosa é a doença.
“O problema dos adultos que não tomam vacina no Brasil é cultural. Ela ainda é vinculada à infância, mas o comportamento vem mudando com a vacinação para idosos e viajantes”, diz Renato Kfouri, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
De acordo com Lily Weckx, pediatra e infectologista da Unifesp, a imunização dos adultos é necessária. “A última dose é dada às crianças no segundo reforço, entre 4 e 6 anos. Depois dessa idade, não há mais vacina na rede pública.”
IMUNIZAÇÃO
A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, que produz uma toxina causadora de tosse, catarro e coriza. A doença é caracterizada por uma tosse ininterrupta, que pode durar de duas a quatro semanas.
O esforço da tosse pode provocar hemorragia nos olhos e até no cérebro. Em recém-nascidos, a doença pode evoluir para pneumonia. Até um quinto dos casos de tosse comprida em adultos é causada pela coqueluche, segundo a infectologista.
Na rede privada, é encontrada a tríplice (difteria, tétano e coqueluche). Uma nova vacina quadrivalente (também contra poliomielite) acaba de ser lançada no país. O preço fica em torno de R$ 100.
Renato Kfouri, da Sbim, recomenda o reforço da vacina para adultos a cada dez anos. A vacina é contraindicada se a pessoa estiver com febre alta, se teve reação alérgica recente ou sofreu efeitos colaterais na primeira dose.