Febre temperatura máxima
4 de janeiro de 2011Um dos grandes motivos de angústia para os pais é perceber que o filho apresenta febre. Mais da metade dos pequenos encaminhados ao serviço de emergência pediátrica a tem como causa. O aumento de temperatura pode surgir, em um primeiro momento, como alarme, avisando que algo está errado no organismo e, em seguida, como defesa do corpo. Na maioria das vezes, o que provoca a febre infantil são as doenças infecciosas (como amigdalites, faringites e otites). Há também a possibilidade dela ser causada por infecções urinárias, intestinais ou doenças virais. A seguir respondemos as 10 dúvidas mais freqüentes sobre o tema. Confira!
1) Febre é doença?
Não. É um mecanismo de defesa do organismo e pode ser interpretada como um prenúncio de que algo está errado. “É o sinal de uma possível enfermidade que está presente ou a caminho. Os sintomas mais comuns são aumento das freqüências cardíaca e respiratória, palidez, mãos e pés frios, bochechas vermelhas, sensação inicial de frio e depois de calor, cansaço, dor de cabeça e muscular, perda de apetite, sede e transpiração”, explica a pediatra infectologista Sandra de Oliveira Campos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
2) A partir de que grau de febre devo me preocupar?
Os pais precisam ficar atentos quando ela ultrapassa 37,5ºC, medida nas axilas, e 37,8ºC, verificada na boca. Quadros de febre de 38ºC em bebês com menos de dois meses de idade e acima de 39,5ºC em crianças de qualquer idade necessitam de avaliação médica com maior urgência. Idem se durar mais de 48 horas ou apresentar resistência a antitérmicos.
A – ATÉ AQUI, TUDO BEM
A temperatura corpórea varia de uma pessoa para outra e até conforme a hora do dia: é mais alta no final da tarde e no início da noite e mais baixa durante a madrugada e a manhã. Na média, o normal é ficar abaixo ou por volta dos 37ºC.
B – SINAL DE EMERGÊNCIA
Se a temperatura atingir a marca de 39,5ºC, a interferência médica é mais do que necessária.
3) Como ela se origina?
A temperatura é regulada por um centro termorregulador, localizado no cérebro, mais precisamente no hipotálamo. Ele recebe informações de receptores térmicos (como mãos, braços, orelhas, nuca, rosto e pés), que agem como sensores, e decide se o corpo deve perder calor ou conservá-lo. A febre acontece quando substâncias denominadas pirógenos (‘geradores de fogo’) são liberadas pela presença de um fator agressor, tais como vírus, bactérias, neoplasias (tumores) ou substâncias produzidas pelo próprio organismo que originam um processo infeccioso. Sob o efeito do pirógeno ocorre o descontrole do centro regulador, que fixa uma temperatura muito maior como sendo a ideal. Daí são ativados estímulos, como fechamento dos poros de transpiração da pele e microcontrações musculares, para aumentar a temperatura.
4) O simples toque da mão na testa pode detectá-la?
Em termos. “Trata-se de um bom marcador, mas a maneira correta de se verificar a temperatura é com o termômetro. O mais usado é o de mercúrio. Ele deve ser colocado na axila seca, após deixar a roupa aberta por alguns minutos”, diz o pediatra Antônio Vladir Lazzetti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
5) Medicar a febre antes de levar o pequeno ao médico atrapalha o diagnóstico do quadro?
Não. Especialistas recomendam o uso de um antitérmico (nas dosagens adequadas ao peso da criança) para aliviar o malestar e, em seguida, procurar um profissional a fim de descobrir sua origem. “Não é apropriado o médico examinar uma pessoa com febre alta, pois dificulta a avaliação. Dar o remédio e achar que está tudo certo também não é indicado. Medicar não significa tratar”, diz Cid Pinheiro (SP), responsável pelo setor de pediatria do Hospital São Luiz.
As formas de tratamento | |||||
A febre é vista sob aspectos diferentes na alopatia, na homeopatia e na antroposofia. Os recursos utilizados para controlar a temperatura também são distintos. Confira:ALOPATIA HOMEOPATIA ANTROPOSOFIA |
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6) Funciona dar banho frio, adicionar álcool na água ou colocar sacos de gelo em algumas áreas do corpo?
Não. “Dar banho frio, fazer compressa com álcool, repetir a medicação sem respeitar o intervalo, oferecer dois remédios ao mesmo tempo ou aumentar a dose são maneiras repudiáveis de tratamento. Gelo, nem pensar! O certo é ter paciência e procurar orientação”, diz a pediatra Sandra de Oliveira.
7) Beber bastante líquido ajuda no tratamento?
Sim. A criança transpira muito por causa do aumento das freqüências cardíaca e respiratória. É importante dar água para evitar a desidratação.
8 ) Mesmo após a medicação, pode acontecer de a temperatura subir ao invés de abaixar?
Sim. Mas o pediatra Cid Pinheiro diz que isso acontece apenas em infecções muito agressivas causadas por bactérias. “Não é um bom prognóstico aquela febre que não cede. Nesse caso, a criança deve ser avaliada por um médico imediatamente.”
9) Toda febre alta é capaz de levar à convulsão?
Não. As convulsões ocorrem em apenas 2% dos casos e não dependem da temperatura que ela alcança, mas da velocidade com que sobe. Existem algumas crianças com predisposição familiar a manifestar elevações bruscas de temperaturas, principalmente entre os seis meses e dois anos de idade. “O tempo de duração da crise convulsiva febril não ultrapassa três minutos. E o pequeno não sofre déficit algum”, informa o pediatra Luiz Henrique Hercowitz (SP), do Hospital Israelita Albert Einstein. Mas a manifestação não é pacífica. O bebê vai ao chão, bate os braços e as pernas, tem salivação e olhos e boca desviados e pode apresentar eliminação de urina e de fezes. “Não dá tempo de fazer nada, apenas impedir que caia no chão e se machuque. É importante que a cabeça fique de lado para que ela possa respirar adequadamente. E não se deve colocar nada em sua boca. Em seguida, convém procurar um médico”, orienta Sandra de Oliveira Campos.
10) O nascimento de dentes no bebê pode causar febre?
Não. As principais causas da febre nos pequenos são as infecções por vírus e bactérias. O pediatra Cid Pinheiro esclarece que os dentes nascem entre seis e 24 meses de idade e também nessa época o bebê está exposto a inúmeros microrganismos. “Para se ter idéia, as crianças abaixo de dois anos de idade têm, em média, de seis a oito infecções virais por ano. Ou seja, é uma infecção a cada um mês e meio, coincidindo com o período no qual surgem os dentes”, diz.
Fonte: Revista Viva Saúde