Mitos e verdades sobre o fone de ouvido
25 de agosto de 2014Ao mesmo tempo que os aparelhos de mp3 se tornaram mais populares, o uso do fone de ouvido se tornou alvo mais frequente dos médicos. O motivo é preocupante: eles podem aumentar os problemas de audição, caso sejam utilizados de forma inadequada. Ouvir música tem seu lado positivo e, na medida certa, serve como incentivo ao exercício e até ajuda a manter o ritmo certo em corridas.
“O problema é que muitos erros são cometidos ao usar fone de ouvido e cada erro tem seu preço. A gente descobre o estrago no consultório”, afirma o otorrinolaringologista Manuel de Nóbrega, professor da Unifesp.
E não basta saber usar bem o fone de ouvido, também é preciso saber guardá-lo. “Não se deve jogá-los na bolsa. É bom ter uma caixinha para proteger da sujeira”, recomenda a fonoaudióloga Eliana de Martino, da Universidade de Guarulhos (UnG).
Abaixo, especialistas esclarecem algumas das dúvidas mais frequentes em consultórios médicos e dão dicas de como usar o fone de ouvido com segurança.
O fone de ouvido é realmente capaz de prejudicar a audição.
Verdade. Ele afeta a audição se for usado em volume alto demais ou por muitas horas seguidas. A 85 decibéis, o tempo de exposição máxima por dia é de oito horas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Otologia. Conforme o volume aumenta, o tempo de exposição reduz. A 115 decibéis, por exemplo, a exposição não deve passar de 15 minutos.
Para saber a potência de cada aparelho, é preciso verificar a indicação no manual do usuário. “Nem todo aparelho segue a mesma padronização”, alerta Eliana.
O fone pequeno, colocado dentro do ouvido, é pior que o fone maior.
Mito. Ambos podem causar problemas se forem usados por muito tempo seguido ou em volume alto demais. Além disso, cada tipo de fone apresenta problemas específicos. “O fone de inserção (pequeno, colocado dentro da orelha) amplifica o efeito do som”, alerta Nóbrega. Já o fone de oclusão, segundo os especialistas, é mais eficaz em barrar o som externo. Se usado na rua, ele pode privar as pessoas de alertas sonoros importantes para garantir a segurança ao longo do trajeto.
Um fone de ouvido alto é perigoso como um show barulhento.
Verdade. Tudo depende da equação formada pelo tempo de exposição e altura do som. Um fone de ouvido alto pode ser ainda mais perigoso que um show de rock. Isso porque ele exerce pressão ao vedar a estrutura do ouvido. Um estudo recente, apresentado na 130ª Conferência da Sociedade de Engenharia de Áudio, em Londres, demonstra que a pressão maior faz com que os músculos do órgão se contraiam mais, provocando fadiga do ouvinte, dor e desconforto em quem passa algumas horas com fone de ouvido.
Em ambientes barulhentos, ouvir música no fone é relaxante e evita os malefícios dos ruídos.
Mito. “Usar fone em ambientes barulhentos é uma das piores coisas que a pessoa pode fazer para os ouvidos”, alerta Nóbrega. O médico explica que para compensar o volume do ruído, a pessoa tende a aumentar demais o volume do fone e isso prejudica os ouvidos.
O uso em apenas um ouvido tem gravidade menor que usar em ambos.
Mito. “O uso unilateral pode causar doença do labirinto (labirintopatia), além de problemas auditivos (perda) e das funções auditivas (localização, discriminação, estereofonia)”, alerta Nóbrega. O médico explica que, embora o desgaste seja em apenas um ouvido, no lado exposto ao som, o prejuízo também pode ser expressivo.
O fone pode contaminar o ouvido da pessoa.
Verdade. Se forem de inserção, os fones ficam em contato direto com o canal auditivo. “Eles precisam ser limpos com gaze umedecida em álcool”, recomenda Eliana. Isso deve ser feito especialmente se a pessoa emprestar o fone para outra pessoa. Além disso, a fonoaudióloga alerta também que é importante ter uma caixa para guardar o fone, em vez de jogá-lo dentro da bolsa ou deixá-lo exposto à poeira. “Se a pessoa não limpar o fone, ele pode provocar alergia e coceira no canal auditivo. Isso faz a pessoa usar cotonete, o que irá aumentar a irritação.”
Ouvir música no fone de ouvido dá mais ânimo para fazer exercícios.
Verdade. As músicas ajudam a manter o ritmo e podem servir como incentivo ao praticante de atividade física. Contudo, é preciso cuidado para não exagerar no volume. “A endorfina liberada no exercício faz a pessoa se sentir bem e reduz seu limiar fisiológico. Isso afeta o ouvido”, explica a fonoaudióloga. A pessoa não percebe que está tendo o ouvido lesionado pela música alta, explica a especialista, e continua ouvindo. Uma das principais consequências da lesão é o zumbido, uma condição que, caso se torne crônica, não tem cura atualmente. No Brasil, 31 milhões – 17% da população – sofrem com o zumbido constante.
Fonte: iG