O desenvolvimento infantil e a audição
1 de julho de 2016Os problemas de audição na infância podem dificultar o desenvolvimento natural das crianças não apenas na fala, mas também na capacidade cognitiva. Por esses motivos é essencial que esses problemas sejam identificados o mais cedo possível. O Teste da Orelinha, obrigatório e gratuito nos hospitais públicos, além de alguns mitos sobre formas de identificar problemas auditivos em crianças que podem, na realidade, agravar o quadro e causar danos irreversíveis. De acordo com o Dr. Nourimar Hernandes Dias “Esses distúrbios afetam imensamente a qualidade de vida da criança, levando a atrasos no amadurecimento emocional, educacional e social. A criança acaba não conseguindo se relacionar com o mundo ao seu redor e preferindo ficar isolada.”
A capacidade de ouvir vem desde o ventre materno, de onde escutamos a voz de nossa mãe. Basta tapar o ouvido por alguns minutos para sentir um pouco o que é viver em um mundo incompleto. Se para um idoso ou adulto jovem a falta de audição é um obstáculo, para uma criança significa impedi-la de se desenvolver como as demais.
“A audição é extremamente importante na aquisição da linguagem. A criança que não tem esse sentido desenvolvido perde não só a capacidade de adquirir linguagem como também de desenvolver a cognição de uma maneira eficaz. É essencial diagnosticar os problemas de audição precocemente”, explica o doutor Rubens Vuono de Brito Neto, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. É graças à necessidade de descobrir logo possíveis problemas na audição que desde 2010 o Teste da Orelhinha, feito ainda na maternidade, é obrigatório e gratuito nos hospitais públicos e privados de todo o país. Esse exame, chamado tecnicamente de Teste de Emissões Autoacústicas, é realizado por uma fonoaudióloga de maneira rápida e indolor.
É importante enfatizar a importância do teste porque apenas ele é capaz de identificar se o bebê tem problemas auditivos. Os pais tendem a acreditar que se a criança balbucia é porque não apresenta comprometimento das capacidades cognitivas. No entanto, balbuciar é comum nqueles que ouvem e nos que não ouvem, porque envolve apenas uma das funções de linguagem – a diferença é que a criança com problemas auditivos vocaliza sons sem o objetivo de se comunicar.
Outra crença muito popular afirma que é preciso esperar até que a criança que não fala complete dois anos para se preocupar. “Se os pais percebem que a criança não olha quando a chamam e que não se distrai com sons, não deve aguardar até os dois anos para levá-la ao médico. Eles devem ficar atentos e tomar uma atitude muito antes disso”, afirma o doutor Brito Neto. Há vários métodos para reverter a falta de audição, como o uso de aparelhos e o implante, que pode ser aplicado desde os primeiros meses de vida do bebê. Deve-se procurar um médico antes que ele complete um ano de vida, pois depois dessa fase a surdez é muitas vezes irreversível. “Nos casos em que a criança nasceu prematura, com baixo peso ou tomou muitos antibióticos nos primeiros meses de vida é obrigatório fazer um teste de audição, mesmo que os pais não suspeitem de nenhum problema. A criança pode conseguir escutar, mas talvez não tenha boa audição”, diz o dr. Brito Neto.
O doutor Norimar Hernandes Dias, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (SP), explica a que os pais devem estar atentos, seja qual for a idade da criança: “Nos recém-nascidos, observe se o bebê para de chorar ao ouvir a voz da mãe, se se assusta com sons ou acorda com barulhos. Para as crianças mais velhas, veja se ela responde aos chamados distantes, se ouve a televisão em volume muito alto ou se tem um bom desempenho na escola.”
A criança que tem problemas de audição pode sofrer vários prejuízos, caso a deficiência não seja identificada e tratada logo. “Esses distúrbios afetam imensamente a qualidade de vida da criança, levando a atrasos no amadurecimento emocional, educacional e social. A criança acaba não conseguindo se relacionar com o mundo ao seu redor e preferindo ficar isolada.”, conclui o doutor Dias.