Problemas na voz passam a afastar mais profissionais

11 de outubro de 2011

O mercado de trabalho está em mudança, e as profissões exigem diferentes habilidades de um profissional -entre elas, a de se comunicar bem. Mas, muitas vezes, a voz não é usada corretamente. Quem faz o diagnóstico não são consultores de recursos humanos ou economistas, mas especialistas em voz.

A fonoaudióloga Cláudia Cotes, por exemplo, estava acostumada a ter clientes “profissionais da voz”, como cantores. Hoje ela também atende pessoas que, apesar de usarem as cordas vocais, não têm na voz sua principal ferramenta de trabalho: advogados, professores, analistas e executivos.

Cotes diz que os erros mais frequentes são forçar a garganta e falar alto ou durante muito tempo sem tomar água.

As consequências vão além da rouquidão -um dos sintomas comuns. O quadro, dizem especialistas, é sinal de problemas mais graves.

Duas semanas ou mais de rouquidão exigem cuidados, indica o laringologista José Eduardo de Sá Pedroso, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz. É preciso fazer exames para verificar se não há calo ou pólipo (pequena bolsa de tecido que cresce em mucosas) nas cordas vocais.

Esses inconvenientes, porém, podem ser evitados. As orientações de Pedroso são evitar pigarrear e não falar muito baixo ou muito alto.

A professora Márcia Cardoso começou a adotar esses procedimentos depois de suas cordas vocais terem sido lesadas em uma cirurgia.

“Aprendi a não tentar sobrepor a minha voz ao barulho, porque isso é um detonador de uma laringite [inflamação da laringe]“, conta.

A técnica com os alunos é parar de falar e esperar que façam silêncio. “Normalmente, eles têm ‘desconfiômetro’”, afirma Cardoso.

Além disso, ela diz intercalar aulas em que fala muito com outras em que passa exercícios para a turma.

SEM FALA

De janeiro a agosto deste ano, 4.318 pessoas foram afastadas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) por distúrbios na voz -324 delas devido ao trabalho. No mesmo período de 2010, contabilizaram-se 3.601 casos.

A operadora de telemarketing A.A.M., 36, é uma das que conhecem o drama de ter de parar por não poder se comunicar. Precisou ficar longe do trabalho por dois anos.

Voltou à empresa, mas teve de assumir outro posto: o de auxiliar administrativa.

“Foi um uso abusivo da voz, que vai se desgastando.”

Fonte: Folha.com

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