Quais as complicações da gripe se não tratada corretamente?

3 de agosto de 2015
oto1

Todo mundo se lembra com um sorriso no rosto da vovó dizendo “cuidado com a friagem, menino! Se esta gripe te pega…”. Para as avós e bisavós que testemunharam a gripe espanhola em 1918, uma pandemia causada pelo vírus influenza H1N1 na qual morreram cerca de 3% da população do mundo, não era mesmo exagero se preocupar tanto com a gripe. E não, a gripe não é coisa de idosos e tampouco de antigamente. A gripe atinge a todos e outras epidemias aconteceram (e continuarão a acontecer) depois de 1918. Assim, preocupar-se com gripe é um assunto extremamente atual.

Em geral, a gripe é uma doença autolimitada, denominação complicada para dizer que ?passa sozinha?. Outra vez, tinha razão a vovó, que receitava chá e cama para as gripes. Hidratação, medicamentos para a febre e para a dor e, alguns dias depois, a gripe vai embora. No entanto, em alguns casos, a gripe pode complicar. Segue aqui uma lista das pessoas e situações com risco aumentado de sofrer complicações da gripe:

pessoas com idade acima de 65 anos
crianças pequenas
pessoas institucionalizadas
gestantes e puérperas
obesos
portadores de doenças cardíacas crônicas (mas não hipertensão arterial)
pessoas com asma
pessoas com diabetes
pessoas com insuficiência renal ou hepática
pessoas com anemia falciforme
pessoas com câncer ou outras imunossupressões
pessoas vivendo com HIV

Pacientes nestas condições devem sempre procurar atendimento médico na suspeita de gripe.

Agora, a pergunta é: como saber se é gripe? Via de regra, a gripe é uma doença aguda, que chega sem aviso prévio, com febre, dor de cabeça, dor no corpo, coriza, mal-estar e tosse. Para as pessoas do grupo de maior risco, é indicado (além do chá e da cama), o uso de medicamentos específicos para a gripe, chamados antivirais. Sabe-se que mesmo usando esses antivirais, algumas pessoas podem precisar ficar internadas, especialmente quando a gripe atinge também os pulmões.

O próprio vírus da gripe pode causar inflamação nos pulmões (pneumonite viral) e pode ainda propiciar o desenvolvimento de outras pneumonias, causadas por bactérias. Em geral, esta é a principal causa de internação e de óbito por gripe. Lembre-se que apenas uma minoria das pessoas com gripe vai ter pneumonite ou pneumonia e apenas uma minoria desta minoria vai morrer. Mas, ainda assim, é importante saber quem deve procurar ajuda médica antes mesmo de ficar grave. Pessoas não listadas acima, mas que cursem com gripe, falta de ar ou quadro que se arraste por mais de cinco a sete dias, também devem procurar um médico.

A arma com a qual a vovó não contava, no entanto, era a vacina. Eficaz e com mínimos efeitos adversos, ela é recomendada, pelo menos, para as pessoas com maior risco de complicações. Para as outras pessoas, receber a vacina não faz mal nenhum e ela deve ser aplicada, se disponível.

Para quem se preocupa com a história de “tomei vacina e peguei uma gripe que me derrubou”, é importante saber que a vacina da gripe é feita com um pedacinho do vírus. Um punhadinho de fubá sem o ovo, fermento e manteiga – não há vovó que transforme em bolo. Assim, a vacina da gripe não poderia, ainda que quisesse, causar gripe.

Como qualquer vacina, pode causar dor no local da picada e eventualmente acarretar em febre nos dias seguintes à aplicação. Acontece que se recomenda que a vacina seja aplicada no outono, antes da chegada do inverno, quando os casos de gripe costumam aumentar. Muitas vezes, quando nós somos vacinados para gripe, já há muitos outros vírus respiratórios circulando. Numa coincidência, depois da vacina, um desavisado apanha um resfriado e sai por aí culpando a vacina.

A vacina protege, não prejudica. Mas porque o vírus da gripe vive em constante mutação, também a vacina tem que ser atualizada todos os anos. A cada ano, um esforço mundial de cientistas colhe amostras em vários centros tentando determinar quais tipos de vírus influenza estão circulantes. As vacinas são desenvolvidas com base nas informações colhidas por estes laboratórios-sentinela. E, a cada ano, é necessário revacinar com a vacina da vez.

E antes que me perguntem se a vovó tinha razão em implicar com o cabelo molhado, o vento frio e o sorvete: nada disso causa gripe. Mas (não estou aqui para tirar razão de vovó nenhuma), é possível que choques térmicos, ao alterar o funcionamento de mecanismos protetores nas vias respiratórias, possam não ser exatamente uma boa ideia, especialmente no inverno, tempo de gripe.

 

Fonte: minhavida.com.br

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